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Um brinde ao suco

Pesquisas revelam que, para diminuir os riscos de doenças, tanto faz consumir frutas, legumes e verduras no prato ou no copo

SXC

Sucos antioxidantes, como o da maçã, ajudam a prevenir doenças neurodegenerativas

Que ele é a opção mais saudável e nutritiva entre as bebidas refrescantes, não restam dúvidas. Só que, para muitos médicos e nutricionistas, seu benefício à saúde é inferior quando comparado ao consumo desses alimentos aos pedaços. Isso porque as fibras presentes no bagaço, nas folhas, na casca e na polpa não resistem ao espremedor, liquidificador ou centrífuga. Além do mais, vitaminas e minerais também seriam perdidos nesses processos. Em resumo, a maior parte de suas propriedades funcionais – nome que os especialistas dão à capacidade dos alimentos de prevenir doenças – vai pelo ralo. Ou melhor, ia.

Um estudo concluído recentemente na Europa por pesquisadores de um instituto independente britânico, o Nutrition Commucations, do Reino Unido, apontou exatamente o contrário. Os sucos integrais têm, sim, grande potencial preventivo, inclusive contra vários tipos de câncer e doenças cardiovasculares. Para Carrie Ruxton, coordenadora da pesquisa divulgada na revista European Journal of Clinical Nutrition, chegou a hora de reexaminar o atual consenso. Ela e seus colegas tabularam os resultados de vários estudos sobre a redução dos riscos de doenças atribuída a fibras e substâncias antioxidantes presentes nos sucos. Além de normalizar a função dos intestinos, as fibras ajudam a livrar os vasos sanguíneos das frações nocivas do colesterol, que os entopem aos poucos, facilitando a pressão alta, o infarto e o derrame.

Do mesmo modo, os antioxidantes combatem a ação dos chamados radicais livres, que, por levar ao envelhecimento precoce das células, provocam muitas doenças. Inclusive as neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer. Um estudo recente da Universidade de Glasgow, na Grã-Bretanha, revelou que sucos de uva, maçã e amora são grandes fontes da substância. Os resultados são semelhantes aos encontrados por Thomas B. Shea, do Centro de Pesquisa em Neurobiologia da Universidade de Massachusetts, em Lowell, Estados Unidos. Ele disse à Revista do Brasil que o suco puro de maçã e o de espinafre fazem um bem danado à função da memória. “Além de ricos em antioxidantes, aumentam a produção de neurotransmissores, ou seja, os agentes envolvidos na conexão das células cerebrais”, explicou.

Vanderli Marchiori, diretora da Associação Paulista de Nutrição, endossa esses dados. “As substâncias antioxidantes, vitaminas e minerais presentes nas frutas e outros vegetais são preservados no suco”, garante. Segundo ela, tomar um suco com oito vegetais diferentes, por exemplo, é a mesma coisa que mastigar as mesmas quantidades concentradas na bebida. “Se não fosse assim, os suplementos de vitaminas e minerais naturais seriam ineficazes. E não faltam estudos comprovando tal eficácia”, diz a nutricionista.

Cabe ressaltar que nem todos os sucos são dignos de receber tal nome. Aquele feito em casa, na hora de ser servido, é muito melhor que os industrializados. Primeiro porque é absolutamente fresco, reunindo todos os nutrientes, inclusive vitaminas, que perdem o efeito depois de algum tempo do preparo. Além disso, não sofre o processo de pasteurização – aquela fervura que além de matar bactérias nocivas mata as benéficas aos intestinos. E terceiro porque é totalmente isento de aditivos e conservantes químicos. Para se ter uma idéia, um suco fresquinho, tomado na hora, fornece 95% das vitaminas e minerais da fruta ou hortaliça. Tintim.