Para Ipea, transporte público seguirá ruim mesmo com Copa e Olimpíada

Presidente do instituto, Márcio Pochmann, avalia que ênfase de investimento em cidades-sede não resolve diferenças regionais

São Paulo – O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, avalia que a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada-2016 não serão capazes de resolver os problemas do transporte público no Brasil.

“É necessário, ao nosso modo de ver, olhar o Brasil como um todo, já que temos grandes diferenças regionais, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a população informa maior dificuldade no uso do transporte coletivo de qualidade”, afirma Pochmann.

O problema é que o direcionamento massivo de investimentos às cidades que vão abrigar os dois eventos esportivos deixa de contemplar as dificuldades registradas pelo país como um todo.

Segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (24) pelo Ipea, Norte e Nordeste têm os maiores problemas em relação ao transporte público. Respectivamente, 17,6% e 18,8% se deslocam a pé nestas regiões, contra uma média nacional de 12,3%. 17,9% dos moradores do Norte e 11,3% dos do Nordeste têm a bicicleta como principal meio de locomoção. Ao mesmo tempo, 37,5% e 40,3% utilizam o transporte público – para que se tenha uma ideia, 50,7% dos habitantes do Sudeste optam por essa modalidade.

Para dar conta dos investimentos necessários à realização da Copa do Mundo, o governo federal optou por destinar boa parte dos recursos da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) às cidades que vão abrigar partidas, o que inclui o setor de transporte público.

Com isso, não apenas podem se dilatar as diferenças entre capitais estaduais e municípios do interior, como crescer a disparidade regional. “O novo governo dará enfase ao enfrentamento da miséria e o transporte é praticamente o segundo maior peso na orçamentos das famílias. Ações que possam reduzir o peso do custo do transporte representariam um ganho de renda para as famílias, principalmente as de baixa renda”, defende o presidente do Ipea.

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