Montadoras

Trabalhadores da Mercedes no ABC fazem greve contra demissões

Empresa anunciou 500 cortes na semana passada, na fábrica de São Bernardo. Sindicato dos Metalúrgicos quer discutir alternativas

Adonis Guerra/SMABC

Comunicado de decisão unilateral por parte da empresa, em meio a negociações, leva funcionários à greve

São Paulo – Em assembleia na manhã de hoje (22), os trabalhadores na Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, decretaram greve por tempo indeterminado contra demissões anunciadas na semana passada pela montadora. A empresa, que confirmou a paralisação, disse que irá dispensar 500 funcionários no próximo 4 de maio – eles fazem parte de um grupo de 750 que estão em lay-off (suspensão do contrato de trabalho). O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC quer discutir alternativas.

“Sabemos que a economia é um ciclo e já teve ano em que trabalhamos aos sábados, um mês a mais no ano, para a empresa mandar os lucros para a matriz na Alemanha”, afirmou o diretor do sindicato Moisés Selerges, também integrante do CSE (comitê sindical de empresa) na Mercedes. “É importante ter inteligência, discutir e buscar alternativas até a exaustão. Vamos cobrar do governo federal as propostas do Programa Nacional de Renovação da Frota de Caminhões e o Programa Nacional de Proteção ao Emprego.”

O presidente do sindicato, Rafael Marques, também criticou o fato de as demissões terem sido anunciadas por meio de um comunicado. “Estão terceirizando o anúncio de demissões pela imprensa”, afirmou. “São dois anos de negociações na busca de alternativas e não podemos aceitar demissões sumárias como a empresa está tentando fazer. Hoje falam em 500 companheiros, amanhã podem demitir mais 500 e assim por diante. Não podemos aceitar”, acrescentou o dirigente.

Segundo o diretor de Comunicação do sindicato, Valter Sanches, a entidade encaminhou ofício aos ministérios da Fazenda, do Trabalho, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, além da Secretaria-Geral da Presidência da República, pedindo urgência na implementação do programa de proteção ao emprego e de medidas de estímulo à economia. Pelo sistema, inspirado em modelo alemão, os trabalhadores têm a jornada reduzida e continuam recebendo salários, complementados por um fundo mantido em parte pelo poder público e em parte pela empresa.

Com aproximadamente 10.500 empregados, a fábrica de São Bernardo produz caminhões, chassis e plataformas para ônibus. A Mercedes, que diz ter mais 1.200 excedentes, justifica a medida pela “forte queda de vendas de veículos comerciais no mercado brasileiro”. No último trimestre do ano passado, a empresa anunciou um plano de investimentos para as fábricas de São Bernardo e de Juiz de Fora (MG).

Nova assembleia será realizada amanhã pela manhã. Ainda não havia reunião programada entre metalúrgicos e montadora.


Com informações da Tribuna Metalúrgica


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