Muita luta

‘Temos de investir em informação para as novas gerações’, afirma presidenta do Sindicato dos Bancários

Neiva Ribeiro participou do programa “Entre Vistas”, com o jornalista Juca Kfouri. Em pauta, a necessidade de fortalecer sindicatos e a comunicação diante da tecnologia

Reprodução/TVT
Reprodução/TVT
"Não é possível o capitalismo de plataforma usar tecnologia para tirar emprego, para acabar com o meio ambiente, aumentar a fome"

São Paulo – O jornalista Juca Kfouri conversou ontem (27) com a nova presidenta do Sindicato dos Bancários de Osasco, São Paulo e Região, Neiva Ribeiro. Ela é a terceira mulher a ocupar o cargo em sequência, após mais de 80 anos apenas com lideranças masculinas. Agora, ela assume em um momento de desafios históricos. Entre os principais, como lidar com as grandes corporações que abusam das novas tecnologias para aumentar a exploração.

“Temos que investir em informação para que as novas gerações entendam o que é o sindicato”, defende Neiva. O fato é que, apesar dos lucros cada vez mais expressivos, as grandes empresas reduzem a cada dia os quadros de funcionários. Nos bancos, o problema é central. E não existe qualquer remorso em relação a isso. Pelo contrário. Levantamento do próprio sindicato revela que, por exemplo, que o Itaú, maior banco do Brasil, inclusive, prioriza a demissão de idosos e pessoas doentes neste processo.

Então, Neiva argumenta que, cada vez mais, os sindicatos ganham relevância na sociedade. Por isso, é preciso esclarecer, especialmente aos mais jovens, a importância dos instrumentos de defesa da classe trabalhadora.

“Temos que trabalhar para entender as tecnologias e para discutir com as corporações para que entendam que a tecnologia tem que trazer ganhos à sociedade. Não é possível o capitalismo de plataforma usar tecnologia para tirar emprego, para acabar com o meio ambiente, aumentar a fome. Temos que discutir uma forma de benefícios à sociedade. Não podemos ter uma tecnologia super avançada com pessoas pobres, doentes e alijadas de direitos”, disse.

Extrema direita e exploração

Na contramão disso, está a extrema direita. A visão política que abusa do liberalismo, prevê a desregulação, que as grandes empresas façam o que bem entendem para garantir seus fartos resultados. Mesmo se isso significar a pobreza e a fome. As lutas, contra o extremismo e por direitos estão conectadas, como explica Neiva.

“Temos muitos desafios, nós da classe trabalhadora. Primeiro, temos que defender a democracia. Ganhamos as eleições com muita dificuldade. Mas conhecemos o fascismo. Não vencemos. Não vencemos a extrema direita. Temos que discutir isso com os trabalhadores, com a juventude”, disse. “Precisamos esclarecer que o projeto da extrema direita de acabar com a democracia, com direitos, impacta a todos trabalhadores. Temos que investir em informação para que as novas gerações entendam o que é o sindicato, da onde veio”, completou.

Questão feminina

Neiva também falou sobre a prevalência feminina nos últimos pleitos à presidência do sindicato. O sucesso delas à frente da instituição reflete o avanço das lutas dos trabalhadores por uma sociedade mais justa.

Neiva obteve 94,19% nas últimas eleições. Ela é é dirigente sindical desde 2000 e secretária-geral desde 2017. Funcionária do Bradesco, formou-se em Letras, com pós-graduações em Gestão Pública e Universitária. Ela integra o Comitê Mundial de Mulheres da UNI Global Union (sindicato global). Além disso, é vice-presidenta da UNI América Mulheres.

Durante a conversa com Juca, Neiva lembrou do caminho de lutas até chegar em sua posição. “Demoramos 87 anos para chegar à presidência do sindicato. Chegamos pela primeira vez com a Juvandia Moreira, hoje presidenta da Contraf, depois a Ivone Silva, primeira mulher negra presidenta do sindicato. Precisamos de mais diversidade (…)”, disse.

Leia mais:


Leia também


Últimas notícias