Levantamento nacional

Assaltos envolvendo bancos mataram 30 pessoas no primeiro semestre

Mortes representam aumento de 11,1% em relação aos seis primeiros meses de 2012. São Paulo (14) e Rio de Janeiro (5) foram os estados com o maior número de casos

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Levantamento aponta que os crimes de “saidinha de banco” lideram 60% das ocorrências (18 mortes)

São Paulo – Assaltos envolvendo bancos levaram à morte de 30 pessoas no primeiro semestre, uma média de cinco vítimas fatais por mês. As mortes representam aumento de 11,1% em relação aos seis primeiros meses de 2012, quando foram registradas 27 mortes, e de 30,4% em comparação a igual período de 2011, com 23. Os números são de levantamento feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), com base em notícias da imprensa e apoio técnico do Dieese.

São Paulo (14), Rio de Janeiro (5), Bahia (3) e Rio Grande do Sul (3) foram os estados com o maior número de casos. A principal ocorrência (60%) foi novamente o crime de “saidinha de banco”, que provocou 18 mortes. Já os clientes foram outra vez a maioria das vítimas (21), seguido dos vigilantes (4). Um gerente do Banco do Brasil foi morto no Piauí.

Segundo o levantamento, os crimes de “saidinha de banco” seguem liderando as ocorrências, tendo causado 18 mortes, o que representa 60% dos casos. Em segundo lugar aparecem as mortes em assaltos a correspondentes bancários, com cinco mortes (17%). Na terceira posição estão os assassinatos em assaltos a agências, com quatro vítimas (13%).

Para a Contraf-CUT e a CNTV, essas mortes comprovam, sobretudo, a escassez de investimentos dos bancos na melhoria da segurança. Segundo dados do Dieese, os seis maiores bancos (Itaú, BB, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) obtiveram lucros de R$ 51,4 bilhões em 2012. Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$ 3,1 bilhões no mesmo período, o que significa 6,1%, em média, na comparação com os lucros.

“São números preocupantes que apontam a negligência dos bancos na proteção da vida de trabalhadores e clientes, bem como mostram a fragilidade da segurança pública, pois faltam mais policiais e viaturas nas ruas e ações de inteligência para evitar ações criminosas”, avalia o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

“Essas mortes reforçam a necessidade de atualizar a Lei 7.102, de 1983, que está completando 30 anos e se encontra defasada diante do crescimento da violência e da criminalidade. Há um projeto de estatuto de segurança privada, que está em análise no Ministério da Justiça. Precisamos de uma nova legislação que tenha mais equipamentos de prevenção e medidas eficazes para garantir a proteção da vida, eliminar riscos e propiciar segurança para trabalhadores e clientes”, salienta o presidente da CNTV, José Boaventura Santos.

Multas

Além das mortes, os bancos também agem com descaso no cumprimento da Lei 7.102. No primeiro semestre de 2013, a Polícia Federal multou 19 bancos em R$ 8,803 milhões por falhas na segurança de agências e postos de atendimento bancário, durante reuniões da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP), em Brasília. Integrada por representantes do governo, trabalhadores e empresários a comissão visa auxiliar a PF na fiscalização do cumprimento da Lei federal 7.102/83 e normas de segurança.

Na reunião mais recente, realizada na última quarta (17), 13 bancos foram multado em R$ 3,223 milhões. O campeão de multas foi o Bradesco com R$ 798,4 mil. Em segundo lugar ficou o Banco do Brasil com R$ 695,2 mil, seguido do Itaúm com R$ 547,3 mil, Santander, com R$ 539,1 mil, Caixa, com R$ 286,9 mil e HSBC, com R$ 154,3 mil.

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