benefícios sociais

MPs: para Vannuchi, foi um ‘desastre’ governo não ter consultado centrais

Analista afirma que discutir com o Congresso as medidas provisórias que restringem acesso a benefícios não é o melhor caminho

Geraldo Magela/Agência Senado

Gabas abraça o senador Paulo Paim, observado por Manoel Dias, após audiência pública ontem (19) sobre MPs

São Paulo – O analista político da Rádio Brasil Atual, Paulo Vannuchi, comenta hoje (20) as explicações prestadas pelos ministros Carlos Gabas, da Previdência, e Manoel Dias, do Trabalho e Emprego, ontem, na Comissão de Direitos Humanos do Senado, sobre os objetivos das Medidas Provisórias 664 e 665, editadas em dezembro, que restringe o acesso a benefícios sociais e previdenciários, visando a economizar  R$ 18 bilhões no Orçamento de 2015. Para Vannuchi, tais explicações “não apagam o desastre, o erro de ter tomado essas decisões sem um mínimo de diálogo” com as centrais sindicais.

Gabas explicou à comissão que, nos últimos dez anos, a expectativa de vida do brasileiro subiu quatro anos, trazendo impactos, portanto, para a sustentabilidade das contas da Previdência.  Dias destacou que, também na última década, foram criados 22 milhões de empregos e que o salário mínimo cresceu 76% em termos reais.

Vannuchi ressalta que, frente à consistência de tais argumentos, era preciso ter a disposição de dialogar com centrais sindicais para discutir as necessárias medidas de ajustes, e não deslocar a discussão para o Congresso Nacional, onde o analista prevê dificuldades para o governo, dada a elevada temperatura da cena política e a baixa disposição dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em colaborar com o governo.

“O diálogo não é a troca de argumentos opostos em que um lado derruba o outro, mas sim, a busca de pontos em comum, objetivo permanente do diálogo democrático”, diz Vannuchi, acrescentando que tal entendimento com as centrais sindicais não foi buscado com o necessário afinco.

Outra importante questão levantada pelo analista político no âmbito das negociações das MPs foi ter “metido na mesma panela problemas de vigilância fiscal e policial”, referindo-se às fraudes na concessão dos benefícios, argumento usado pelo governo para defender o ajuste. “Fraude não se resolve com MP, fraude se resolve com denúncia, prisões”, afirma Vannuchi. Para ele, a Polícia Federal teria plenas condições de atuar no combate a esses desvios.

O analista destaca ainda que Senado e Câmara vão mexer profundamente nessas MPs, que já contam com mais de 750 emendas, e eventuais avanços e conquistas serão faturados na conta de Renan e Cunha, sem que o governo detenha trunfo algum, quando poderia ter encaminhado a discussão com as centrais sindicais em condições mais favoráveis.

Ouça o comentário completo na Rádio Brasil Atual:

Leia também

Últimas notícias