Mais um passo

Ocupada desde maio, Karmann-Ghia tem falência decretada

Decisão da Justiça atende a pedido ajuizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. “É um processo longo, mas os créditos trabalhistas passam a ter prioridade”, diz presidente da entidade

Marcia Minillo/RBA

Fábrica já teve água e luz cortadas. Juiz vê gravidade na situação e afirma que falência é a única medida cabível

São Paulo – A Justiça decretou nesta quarta-feira (23) a falência da empresa de autopeças Karmann-Ghia, ao julgar procedente o pedido ajuizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC no dia 28 de junho. Segundo a entidade, o objetivo é “preservar algum patrimônio dos trabalhadores”.

Na sentença, o juiz Gustavo Dall’Olio, da 8ª Vara Cível de São Bernardo, reconhece a gravidade da situação e afirma que a falência é a “única medida cabível, considerando o crítico estado econômico-financeiro, levado a cabo por gestores e controladores cujos atos e condutas serão criteriosa e oportunamente avaliadas”.

O diretor do sindicato Carlos Caramelo lembra que foram tentados vários acordos para parcelamento de dívidas e todos foram descumpridos. “A situação já estava insustentável, com os companheiros sem receber salários desde dezembro de 2015 e sem condições de trabalhar. Até a energia elétrica já tinha sido cortada por falta de pagamento”, disse.

Com a falência decretada, os antigos administradores são retirados do comando da empresa e um novo administrador nomeado pela Justiça irá gerir o processo de recuperação judicial.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Rafael Marques, entende que a entidade terá papel importante nessa nova etapa: “É um processo longo, mas os créditos trabalhistas passam a ter prioridade. Nosso jurídico vai acompanhar de perto passo a passo da recuperação. Vamos pra cima dos bens dos sócios da empresa para garantir que o trabalhador consiga receber o que é de direito”.

Rafael observa que a falência não é o fim do processo. “As ações de solidariedade aos companheiros vão continuar.” Ao todo, cerca de 600 trabalhadores foram prejudicados pela administração da fábrica, entre empregados que estavam na ativa e não recebiam seus salários e demitidos que não receberam suas rescisões.

Nesta quinta-feira (24), o sindicato realiza assembleia com os trabalhadores a partir das 8h, em frente à sede da empresa, para orientar a respeito dos próximos passos e decidir sobre a continuidade ou não da ocupação da fábrica, iniciada em 13 de maio. Com a falência, o prédio deverá ser lacrado pela Justiça em breve.

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