Sindicalismo

Morre ex-vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Rubens Teodoro de Arruda, o Rubão, dedicou os últimos dias de vida em trabalhos de recuperação da memória da atividade sindical

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Rubão foi vice-presidente entre 1972 e 1981, na gestão de Paulo Vidal e nas duas de Lula

São Paulo – O sindicalista Rubens Teodoro de Arruda, conhecido como Rubão, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (à época, Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema) de 1972 a 1981, morreu no domingo (9), aos 75 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos.

Nascido em Araçatuba em 1938, Rubão trabalhou como retificador na Mercedes-Benz, em São Bernardo, e chegou à diretoria do sindicato em 1967 no cargo de suplente, que ocupou até 1969. Depois ficou os três anos seguintes no Conselho Fiscal da entidade. Em 1972 foi eleito vice-presidente de Paulo Vidal. Nos dois mandatos seguintes, de 1975 a 1981, foi vice de Luiz Inácio da Silva, o Lula.

Depois disso, foi um dos cassados em 1980, durante a greve de 41 dias feita pela categoria. Com ele foram presos outros diretores, como Lula, acusados de infringir a Lei de Segurança Nacional. Rubão, que estava aposentado, dedicou os últimos anos da vida para recuperar a memória da luta dos trabalhadores do ABC paulista.

 

Em abril de 2005, Rubão deu um depoimento publicado no site do sindicato, em que comentava a diretoria de 1975 e a parceria que teve à época com Lula, então presidente da República:

“Lula privilegiou a porta de fábrica”

“A diretoria de 1975 teve sua importância e mostra que o Lula não dirigiu sozinho o sindicato. Eu me sindicalizei em 67 e durante 12 anos fui diretor. Nos dois mandatos de Lula fui vice-presidente. Acho a homenagem muito boa para que as pessoas não esqueçam essa parte da história. Fomos presos e muitos sindicalistas chegaram a sumir do país.

É bom reunir essa diretoria para mostrar que o pessoal está vivo e que a coisa não acabou. Lula colocou um administrador para tocar o sindicato e privilegiou o trabalho na porta da fábrica. Ele nem gostava de ficar segurando papéis. Ficava batendo o papel na mesa, impaciente.

Lula era uma pessoa inteligente, simpática e com pouco tempo de conversa ele convencia os trabalhadores. É difícil explicar esse carisma. Era um dos poucos que fazia as pessoas ficarem em silêncio quando falava.

Trabalhei como retificador na Mercedes e a repressão era total. Se a gente conversava com um companheiro, o chefe reclamava que não havia produção, e se a gente fosse para outra seção, o chefe de lá dizia que a gente atrapalhava.

Nessa época, a gente já contava com carros com alto-falante para o trabalho na porta de fábrica. Éramos poucos para esse trabalho, apenas 24 diretores, mas mesmo assim o trabalho de conscientização evoluiu e, em 1978, a partir da greve na Scania, o estouro da boiada aconteceu.”

Rubens Teodoro de Arruda, Rubão

Saiba mais sobre a história de Rubens Teodoro de Arruda na reportagem da TVT.

 


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