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Metalúrgicos da CUT entregam pauta e Fiesp pede ‘bom senso’ a trabalhadores

Aumento real e ampliação de direitos estão na pauta entregue ao setor patronal. Trabalhadores querem unificar conquistas da categoria, enquanto empresários falam em 'cenário difícil'

FEM-CUT

Marques, presidente do sindicato do ABC, afirmou que a conjuntura incerta é um desafio a mais

São Paulo – Com concentração no vão livre do Masp, a direção da Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT em São Paulo (FEM-CUT) entregou na manhã de hoje (4) a pauta de reivindicações da categoria na Federação das Indústrias do Estado (Fiesp), na avenida Paulista. Entre as reivindicações estão reposição integral da inflação e aumento real de salários. Já na entrega da pauta, um dos negociadores patronais citou a conjuntura brasileira e pediu “bom senso” aos metalúrgicos. A categoria, com data-base em 1º de setembro, reúne 205,5 mil trabalhadores em 14 sindicatos, excluídas as montadoras, que negociam à parte.

Para o presidente do sindicato do ABC, Rafael Marques, a conjuntura econômica no setor industrial é diversificada, com setores alcançando resultados positivos, como a indústria automobilística, e outros nem tanto. “Temos situações variadas em relação ao cenário econômico. Por isso é um desafio conseguir um caráter unitário na negociação e um bom resultado. Mas sempre fomos referência, uma categoria determinada que sabe fazer luta. Portanto, temos certeza de que vamos conseguir avançar”, afirmou.

Marques destacou a unificação das cláusulas sociais como ponto relevante da pauta. “Além da reposição integral da inflação e o aumento real, queremos a unificação das cláusulas dos grupos patronais. São convenções diferentes. Elencamos os melhores benefícios de cada convenção e queremos unificá-los. Por exemplo, a licença-amamentação. “Conseguimos com negociação a extensão em oito dias da licença-amamentação, mas não são todos os grupos patronais que têm a cláusula. Queremos que todos tenham”, disse o dirigente. Outro exemplo citado por ele é a licença-maternidade. Alguns grupos patronais já concederam este direito, mas outros aceitaram apenas uma cláusula de recomendação.

Segundo o presidente da FEM-CUT, Valmir Marques, o Biro Biro, muitas das conquistas alcançadas pela categoria nos últimos dez anos estão superadas. “A federação tem por prática ouvir as reivindicações do chão de fábrica para atender as demandas e se aproximar de uma nova realidade”, afirma. Ao receber as reivindicações, os representantes patronais destacaram o cenário difícil enfrentado pela indústria nacional e pediram “bom senso” para os trabalhadores.

“Em face à situação econômica do país, deve prevalecer o bom senso para a negociação, para buscar um ponto de equilíbrio entre as necessidades dos trabalhadores e as possibilidades das empresas”, disse o advogado Drausio Rangel, negociador do Grupo 3, que reúne os setores de autopeças, forjaria e parafusos. Segundo ele, sem uma recuperação da economia será difícil atender a todas as reivindicações.

O 1º vice-presidente Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos Eletrônicos e Similares do Estado (Sinaees), Dorival Biasia, fez coro. “O cenário atual da indústria é bastante difícil. Sei que na negociação tem interesses dos dois lados, mas não podemos sacrificar as empresas. Vamos negociar tudo que for possível para chegar num bom acordo como todo ano”, afirmou.

A negociação se divide em seis blocos econômicos: máquinas e eletrônicos (Grupo 2, com 75,5 mil trabalhadores); autopeças, forjaria e parafusos (Grupo 3, com 51 mil); trefilação, laminação e refrigeração (Grupo 8, com 36 mil); lâmpadas, equipamentos odontológicos e material bélico (Grupo 10, com 35 mil); estamparia e fundição, com 4 mil cada.