ABCD

Mercedes amplia greve contra demissões nas montadoras

Funcionários da unidade da empresa em São Bernardo cruzam os braços em protesto contra 244 desligamentos de trabalhadores que estavam em layoff; sindicato diz que montadoras descumprem acordo

Arquivo FEM

Marques: ‘Temos uma história de boa relação e acreditamos que essas demissões poderão ser revertidas’

São Bernardo – A greve dos trabalhadores metalúrgicos contra as demissões das montadoras na região do ABCD se ampliou na manhã desta quarta-feira (7). Os funcionários da unidade da Mercedes-Benz de São Bernardo cruzaram os braços em protesto contra os 244 desligamentos de funcionários que estavam em regime de layoff – suspensão temporária do contrato.

Já na Volkswagen o segundo dia de paralisação foi marcado por passeatas dentro da fábrica e 100% da produção e administrativo parados. Além de cobrarem o cancelamento das demissões, sindicalistas esperam ações do governo federal e estadual para auxiliar o setor a reverter o momento de baixo desempenho.

“Os representantes do governo federal e estadual já conversam com o sindicato e com as empresas e demonstraram interesse em auxiliar nas negociações”, afirmou o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC José Roberto Nogueira, o Bigodinho, funcionário da Volkswagen.

A cobrança maior, no entanto, é para a revisão das mais de 1.000 demissões nas duas empresas. “As montadoras não estão cumprindo com os acordos firmados e estão demitindo. Isso estremece uma relação construída ao longo das últimas décadas. Para a CUT, qualquer acordo que seja rompido unilateralmente é um gesto de irresponsabilidade”, disse o presidente da CUT-SP (Central Única dos Trabalhadores – Regional São Paulo), Adi dos Santos, que também é funcionário da Mercedes.

No caso da Mercedes, as demissões descumprem a cláusula que garante a renovação do layoff até 30 de abril deste ano para os 1.015 funcionários que estavam já afastados. No início de dezembro, a empresa sugeriu a 244 trabalhadores do grupo que aceitassem o Programa de Demissões Voluntárias (PDV). Alguns concordaram. Os que rejeitaram o PDV foram demitidos. Nota da empresa divulgada nesta quarta-feira informa que 160 trabalhadores foram desligados. “A empresa foi precipitada neste caso, mas é importante ressaltar que temos uma história de boa relação e acreditamos que essas demissões poderão ser revertidas”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.

Na fábrica da Volkwagen em São Bernardo, a preocupação dos trabalhadores é o anúncio de 2.100 desligamentos a serem feitos este ano, a começar por 800 a serem demitidos em fevereiro. “Estamos com 100% da fábrica parada. A empresa passou por cima da garantia de emprego do acordo que está em vigor e anunciou as demissões no período das férias coletivas”, criticou Marques. Esta é a maior greve desde 2006, quando a montadora ficou parada por 27 dias. Na ocasião, a adesão à greve foi de 100% por conta da ameaça de três mil demissões, que foram revertidas.

As montadoras têm uma explicação para a adoção das demissões. Apontam o cenário de queda de 7% em vendas de veículos, 40% a menos de exportação e a diminuição em 15% de produção em 2014 para justificar as demissões.