Comércio Popular

Horas antes de fechamento, Feira da Madrugada, em SP, ganha liminar para continuar aberta

Gestão Haddad, que queria fechar o local, afirma que vai consultar bombeiros sobre viabilidade de cumprir decisão judicial. Execução de reforma segue em aberto e depende de negociação com prefeitura

Foto:Diogo Moreira/Frame/Folhapress

Comerciantes comemoram continuidade de atividades. Reforma integral do espaço será negociada com a prefeitura

São Paulo – O juiz Victorio Giuzio Neto, da 24ª Vara da Justiça Federal, concedeu uma liminar na tarde de hoje (8) que autoriza que a Feira da Madrugada, no Pari, região central de São Paulo, permaneça aberta. A gestão Fernando Haddad (PT) pretendia fechar a feira nesta tarde, a pedido do Ministério Público. Um laudo do Corpo de Bombeiros mostrava que não havia condições de segurança para os trabalhadores e mais de 25 mil frequentadores diários do espaço. “Não vai mais fechar. Os botijões de gás das lanchonetes têm de sair imediatamente. Dá para fazer a reforma com as portas abertas”, afirmou o presidente da Cooperativa de Microempreendedores Importadores e Exportadores do Estado de São Paulo, Oswaldo Aparecido de Jesus.

Boa parte dos comerciantes da feira já havia fechado as portas, desta vez por pelo menos 60 dias, quando um grupo de representantes dos trabalhadores chegou, por volta das 16h30, com a notícia. A liminar condiciona a manutenção das atividades da feira à realização, em 48 horas, da retirada dos botijões de gás das mais de 20 lanchonetes. Entre as outras exigências está a reabertura de saídas de emergência e a remoção de coberturas inflamáveis de algumas lojas.

A notícia emocionou os comerciantes que comemoraram com gritos, abraços e rojões. “Glória! É uma coisa muito boa. Eu sustento minha família com isso aqui”, disse Daniela Ianguas, que vende roupas no local. A apreensão dela traduz a de pelo menos metade dos cerca de 4 mil lojistas do lugar. A outra metade, segundo lideranças dos comerciantes, já havia alugado boxes em outros shoppings populares. Em alguns pontos, o aluguel mensal pago por eles foi de R$ 30 mil, somado a um seguro de R$ 300 mil, garantem alguns lojistas.

Silmara Dias, por exemplo, já havia pago por um mês de aluguel na rua Oriente e, agora, não sabe exatamente como irá organizar sua vida. “É uma notícia muito boa. Eu fico muito feliz e, ao mesmo tempo, com raiva por ter gasto com carreto e aluguel. Mas não podia fechar mesmo”, diz “Eu vou para lá, fico uns dias, para não perder o dinheiro, depois eu volto”, explica.

Uma hora depois da reviravolta, os carregadores que passaram o dia retirando mercadorias das lojas estavam levando de volta roupas, bolsas e bijuterias. “Só a gente não perdeu dinheiro. Tá bom de qualquer jeito”, diz o carregador Renato da Silva. Ele conta que em dias bons faz dez carretos e cobra R$ 10, mas hoje já havia feito vinte viagens carregando caixas.

Segundo Jesus, com a liminar, as associações de comerciantes da feira irão propor à prefeitura que a reforma seja feita por setores. “São 5 mil trabalhadores diretos que não iriam trabalhar. Nós não nos negamos a fazer. Se for o caso, até os nosso comerciantes se cotizam e fazem a reforma. Temos o primeiro e o quinto artigo da Constituição. O primeiro sobre o direito à vida e o quinto sobre o direito ao trabalho. Estamos tentando conciliar os dois”, afirma.

Em nota, a administração municipal informa “que enviou ao Corpo de Bombeiros um questionário para analisar a viabilidade do cumprimento da liminar da Justiça Federal. Estas informações balizarão a posição da prefeitura em relação à decisão do juiz Victorio Giuzio Neto”.

Leia também

Últimas notícias