Governo quer concluir negociações com grevistas até segunda-feira

Na Universidade Federal de Brasília, maioria em assembleia decide pela volta ao trabalho

Brasília – O Ministério do Planejamento quer concluir acordos salariais com servidores públicos em greve até segunda-feira (27). A assessoria de Comunicação informa que a intenção é encerrar reuniões com sindicatos para que o ministério possa redigir proposta de lei orçamentária anual, a ser encaminhada ao Congresso Nacional até sexta-feira (31). Estão previstas 20 reuniões neste fim de semana.

Até agora duas entidades aceitaram acordo. A Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra) – representante dos técnicos administrativos – concordou com aumento de 15,8% parcelado até 2015. A Federação de Sindicatos de Professores de Instituições de Ensino Superior (Proifes) – que representa professores – aceitou reajuste de 25% a 40% para os docentes.

Nas duas últimas semanas, dirigentes da Secretaria de Relações do Trabalho do Planejamento participaram de mais de 60 reuniões com categorias em greve, ou que ameaçam paralisação. Desde 6 de março, quando começou a campanha salarial, foram realizados mais de 180 encontros.

Apesar disso, não foi possível chegar a um denominador comum com os servidores. O Planejamento admite que pode não ser possível cumprir a meta de alcançar acordos até segunda-feira, mas destaca que as categorias que não aderirem à proposta do governo,  em tempo hábil, podem ficar sem reajuste.

Hoje (24), servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) se reuniram com o secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça. Eles receberam proposta de reajuste de 15,8% em três anos, a mesma feita à maior parte das categorias. O secretário recebe também os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dividida, UnB encerra greve

Em uma assembleia tensa e tumultuada, os professores da Universidade de Brasília (UnB) decidiram hoje retornar às atividades, encerrando a greve que durou cerca de três meses. Do total de 923 professores, 478 (51,8%) votaram a favor do fim da paralisação e 445 contra a proposta, indicando a divisão da categoria.

A decisão está sendo questionada por um grupo de docentes e estudantes que discorda da forma como foi conduzida a votação.

“A votação gerou desconfiança devido ao número divergente de participantes [votantes]”, disse Sadi Dal Rosso, professor do curso de sociologia, referindo-se ao número anunciado inicialmente de 870 votantes, depois atualizado para 923. “Isso cria um mal-estar muito grande. Eu lamento tudo isso.”

Na sexta-feira da semana passada (17), uma assembleia de professores já havia decidido pelo fim da greve, mas o resultado também foi contestado. Com o racha, foi marcada então a assembleia de hoje, para rediscutir a decisão.

Para Luiza Oliveira, da Associação Nacional de Estudantes Livres, o fim da greve decidido em assembleias que geram contestações leva a uma série de suspeitas. A estudante disse que a decisão tomada hoje de encerramento da paralisação não representa o desejo da maioria dos docentes. “O resultado não expressa o sentimento dos professores nem da UnB”, disse ela.

Durante a assembleia, dois alunos vestidos de palhaço ocuparam o espaço no teatro de arena, no qual ocorria a votação, e fizeram uma encenação crítica. Para os estudantes, o fim da greve está sendo discutido por professores que não podem falar por toda a categoria. A tensão e o tumulto dominaram a maior parte do tempo das discussões e da votação em si.

Na semana passada, o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, encabeçou pedido assinado por mais de 250 professores pela convocação da assembleia realizada hoje. O documento foi encaminhado à Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), que também foi ocupada por professores contrários ao fim da greve.

Paralelamente ao movimento grevista, a universidade vive campanha política para escolha do novo reitor. Há 11 candidatos na disputa.

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