Sindicalismo

Força defende Paulinho e decide não participar de protesto do dia 29

Central reafirma que é contra terceirização em atividades-fim. 'Falar que somos a favor da terceirização é mentira', afirma presidente. Mas entidade defende regulamentação da prática

Jaélcio Santana / Força Sindical

Cunha, Aécio e Paulinho, em ato do 1º de Maio da Força. Apesar de evidências, central nega apoiar PL da Terceirização

São Paulo – Com algumas posições divergentes, a Força Sindical decidiu não participar do dia nacional de paralisações convocado por outras centrais sindicais, principalmente CUT e CTB, daqui a duas semanas, contra o projeto sobre terceirização, agora no Senado. Na plenária realizada na manhã de hoje (15), a última – e decisiva – intervenção foi do deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP), presidente licenciado da Força, que, aplaudido pelo auditório, criticou a atuação de outras centrais no debate sobre a terceirização e as medidas provisórias que restringem acesso a direitos trabalhistas e previdenciários (MPs 664 e 665). “Essas centrais não merecem o nosso esforço”, declarou. A decisão da Força será comunicada às demais centrais em reunião prevista para a próxima segunda-feira (18), na sede da UGT, em São Paulo.

Durante a reunião, dirigentes da central avaliaram que houve problemas de comunicação e má interpretação do papel da Força durante a tramitação do Projeto de Lei 4.330 (da terceirização) na Câmara. A entidade afirma que é contra a terceirização na atividade-fim e defenderá essa posição na tramitação do texto (agora o PLC 30) no Senado. Mas defende a regulamentação da prática e algumas emendas aprovadas pelos deputados. “A Força Sindical não é e nunca será a favor da terceirização. Sempre falamos isso. Só que tinha essa faca no pescoço do movimento sindical”, afirmou o presidente da central, Miguel Torres, justificando a defesa de algumas emendas. “Falar que a Força defendeu a terceirização é mentira.”

Ele também contestou o termo “reposicionar”, no sentido de mudança de posição, usado por algumas pessoas durante a plenária. “Não estamos reposicionando a nossa posição. É outra etapa agora. O Senado pode mudar tudo. O Renan (Calheiros, presidente do Senado) está falando em limitar a atividade-fim. Temos de ficar atentos.”

Correção de rumos

Alguns dos dirigentes da Força acreditam que a central foi erroneamente identificada como favorável à terceirização, o que causou reação ruim na base. Para o presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, Claudio Magrão de Camargo Cre, por exemplo, a Força “está sendo boi de piranha” nas portas de fábricas.

Segundo Torres, o projeto aprovado na Câmara trazia alguns avanços, como a responsabilidade solidária das empresas e a representação sindical, em um total de quatro emendas defendidas pela Força. “Temos a chance agora, no Senado, de buscar uma correção de rumos (referindo-se à atividade-fim), desde que a gente não perca os quatro pontos”, disse o secretário-geral da entidade, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

Em relação ao ato do próximo dia 29, foram avaliadas, basicamente, três propostas: liberação dos sindicatos filiados, não participação e participação da central desde que a pauta do protesto não se limitasse à terceirização. Era essa, por exemplo, a posição de Miguel Torres, para quem as centrais deveriam incluir temas como desemprego, alta dos juros e política econômica do governo. Mas a participação de Paulinho, no final do encontro, foi decisiva para que a maioria votasse pela não participação da Força.

A central também pretende se mobilizar pela aprovação da proposta sobre o fator previdenciário aprovada esta semana na Câmara. De acordo com o presidente da Força, confirmada a mudança no Senado, é preciso que a presidenta Dilma Rousseff ratifique a alteração, para apenas a partir daí iniciar um debate sobre regulamentação. “Só vamos conversar se ela não vetar”, disse Torres.

 

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