Estudo aponta aumento de 57% dos assaltos e arrombamentos em bancos

Levantamento mostra que ocorrências passaram de 1.612 para 2.530 de 2011 para 2012 e também aponta aumento das mortes ocorridas nos assaltos e baixo investimento em segurança

Bandidos explodem caixas eletrônicos em agência do Santander em Belo Horizonte, no mês passado (Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Folhapress)

São Paulo – Estudo divulgado hoje (24) mostra que os assaltos e arrombamentos a bancos aumentaram 57% em 2012, em relação a 2011, atingindo 2.530 ocorrências em todo o país. No ano anterior foram 1.612 ocorrências. Houve aumento de 84% dos casos de arrombamentos, com 1.763 casos em 2012 ante 959 em 2011. Os assaltos foram de 653 a 767, aumentando 17,5%. São Paulo ainda é o estado com mais casos, apesar de ter havido uma queda de 12% nas ocorrências: caiu de 559 para 492. Os dados são da 4ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV).

A região Sudeste registra o maior número de casos: 877 (35%). Além de São Paulo, Minas Gerais também aparece no topo do ranking de ocorrências em 2012, com 301 ataques. Os dados mineiros impressionam, pois em 2011 o estado teve 58 casos, o que significa um aumento de aproximadamente 419%. A elevação se dá sobretudo no caso de arrombamentos, que subiram de 26 em 2011 para 272 no ano passado (946%).

A região Nordeste é a segunda no ranking, com 650 ocorrências (26%) seguida pelas regiões Sul, com 519 (20%) e Centro-Oeste, com 350 (14%). A região Norte apresenta o menor número de casos: 134 (5%). A estes dados soma-se o número de mortes ocorridas em assaltos a bancos no país, que vem aumentando nos últimos três anos: 23 em 2010, 49 em 2011, 57 em 2012, um aumento de 147,8% no período apresentado.

As entidades ponderam, no entanto, que o total de casos pode ser maior devido às dificuldades no levantamento de informações em alguns estados e porque nem todas as ocorrências são noticiadas. A pesquisa foi realizada com apoio técnico do Dieese a partir de notícias da imprensa, estatísticas de secretarias de Segurança Pública e dados de sindicatos e federações de vigilantes e de bancários de todo o país.

Para o diretor da Contraf e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, os dados são alarmantes. “A pesquisa reforça a nossa luta por mais segurança. Vamos levar esses números para os representantes dos bancos, para a Polícia Militar, aos governos, ao Ministério da Justiça e chamar a atenção para o aumento da violência nos bancos. Queremos que sejam tomadas medidas concretas para que haja mais prevenção e combate a esse grande número de ocorrências. Não se pode arriscar a vida de trabalhadores e clientes”, afirma.

Entre os problemas apontados pelas entidades, está o fato de que os bancos investiriam pouco em segurança. De acordo com estudo do Dieese, baseado nos balanços publicados em 2012, os seis maiores bancos do Brasil (Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Caixa e HSBC) lucraram R$ 51,3 bilhões e aplicaram R$ 3,1 bilhões em despesas com segurança e vigilância. Isso representa uma média de 6,1% na comparação entre os lucros e os gastos com segurança. Segundo o estudo, a Caixa Econômica Federal foi a instituição que mais investiu em segurança em relação ao lucro, atingindo 11,3%, ou R$ 687 milhões dos R$ 6,3 bilhões lucrados em 2012.

Já o Itaú Unibanco foi o que menos investiu em segurança no período, apesar de ter obtido o maior lucro do sistema financeiro, com R$ 14 bilhões. O banco investiu R$ 511 milhões (3,6%) do lucro líquido. Além disso, as entidades protestam contra a remoção das portas giratórias ocorrida em diversas agências do Itaú Unibanco, porque isso aumentaria a insegurança dos locais.

Junto à pesquisa, as categorias apresentam uma série de reivindicações em relação à segurança bancária, como, por exemplo, porta giratória com detector de metais antes da sala de autoatendimento com recuo em relação à calçada onde deve ser colocado um guarda-volumes com espaços chaveados e individualizados; vidros blindados nas fachadas; câmeras de vídeo em todos os espaços de circulação de clientes, bem como nas calçadas e áreas de estacionamento, com monitoramento em tempo real e com imagens de boa qualidade para auxiliar a polícia na identificação de suspeitos; biombos entre a fila de espera e a bateria de caixas; entre outros pontos.

Entidades contestam dados da Febraban

Entre os casos de assaltos levantados pelo estudo e os apresentados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), há uma diferença de 333 casos. A entidade patronal registrou 440 assaltos, enquanto os sindicatos registram 773. Além disso, a federação não computa dados sobre arrombamentos.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná, Elias Jordão, a Febraban deveria rever seus números. “É uma diferença considerável. Pode ser que ainda existam agências e postos que não providenciam a emissão do Boletim de Ocorrência na polícia. Nós reivindicamos na campanha nacional dos bancários de 2012 que uma cópia do boletim de ocorrência seja enviada para a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), o sindicato local e a Contraf-CUT, mas os bancos não aceitaram”, afirma.

A Febraban informou por meio de nota que os investimentos em segurança avançaram de forma significativa nos últimos anos: de 2002 (R$ 3 bilhões/ano) até 2011 (R$ 8,3 bilhões) aumentaram 62,4% em termos reais. “De acordo com dados de 17 instituições financeiras, que incluem os principais bancos de varejo, em 2012 foram registrados 440 assaltos, incluindo as tentativas, o que corresponde a uma queda de 56% em relação ao total de 1.009 assaltos e tentativas de assaltos verificados em 2002”, diz a nota.

Além disso, a Febraban defende que os bancos seguem a Lei Federal nº 7.102/83, que regulamenta as normas de segurança nos bancos. “Nos termos dessa legislação, todos os estabelecimentos bancários (agências e postos de atendimento) são obrigados a submeter à Polícia Federal um plano de segurança para que possam funcionar. Aprovado o plano, são instalados todos os equipamentos de segurança e mobiliário da agência. Observando-se o que é exigido pela legislação, cada instituição financeira determina os padrões de segurança para suas agências de acordo com as características de sua rede de agências.”

 

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