abuso

Em Recife, 11 dirigentes sindicais são detidos durante ato no Porto de Suape

'Não adianta nada prender dirigente. Isso só vai intensificar muito mais nossa mobilização', diz o presidente da CUT-PE, Carlos Veras; transporte público está totalmente parado na cidade

cut-pe

Suape: trabalhadores protestam contra pauta conservadora e ajuste fiscal, que ameaçam direitos

São Paulo – Em Recife, 11 dirigentes sindicais foram detidos pela polícia por fazerem manifestação no Porto de Suape, na região metropolitana. O complexo portuário participa das paralisações deste 29 de maio desde as primeiras horas da manhã. Entre os detidos, está José da Silva Cavalcanti, diretor da CUT e secretário de Finanças do Sindicato dos Metalúrgicos de Recife.

“Não adianta nada prender dirigente. Isso só vai intensificar muito mais nossa mobilização”, diz o presidente da CUT-PE, Carlos Veras. A CUT estadual já está tomando as medidas legais necessárias para liberação dos detidos.

O metrô e os ônibus em Recife estão totalmente parados desde as primeiras horas da manhã. O metrô deve voltar entre 16h e 20h, mas conduzido por funcionários administrativos, segundo a assessoria da CUT-PE. “A cidade está inteira envolvida na mobilização”, diz Veras.

Bancários, trabalhadores do Incra e os servidores do INSS também cruzaram os braços, fechando os principais pontos de atendimento na cidade.

Os professores da rede pública estadual voltaram hoje à greve, e realizam manifestação diante da Assembleia Legislativa na parte da tarde, às 14h. E haverá protesto em frente à federação das indústrias do estado, no mesmo horário. As universidades públicas estão paradas.

O Sintep, que representa os professores, sofreu nesta semana intervenção do Tribunal de Justiça, que bloqueou as contas bancárias da entidade, sob pressão do governador Paulo Câmara (PSB). “Aqui o Judiciário é uma correia de transmissão do governador. Isso é uma vergonha”, diz o presidente da CUT-PE.

Em Belo Horizonte, os trabalhadores dos transportes públicos também aderiram em peso ao Dia Nacional de Paralisações. Metrô e ônibus deixaram de circular desde as primeiras horas da manhã.

Leia a nota de repúdio divulgada pela CUT de Pernambuco:

A Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE) vem a público expressar sua indignação e repúdio à ação truculenta da Polícia Militar do Governo do Estado, contra 11 companheiros sindicalistas do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), com destaque para o diretor da CUT Pernambuco, José da Silva Cavalcanti.

Manifestamos apoio e solidariedade aos companheiros vítimas da arbitrariedade da PM durante as manifestações dos trabalhadores ocorridas na manhã de hoje (29), quando participavam da mobilização da Paralisação Nacional contra as MPs 664/665 e o PL 4330, na PE-60, Ilha de Tatuoca, proximidades do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), município de Ipojuca/PE.

A Central declara seu apoio aos companheiros e presta sua solidariedade à categoria que, lamentavelmente, foi reprimida, tolhida do direito à legítima manifestação. “Não é a primeira vez que a Polícia Militar comete truculência e violência contra os trabalhadores metalúrgicos, servidores públicos municipais, estaduais, federais, além de trabalhadores rurais. Em 2014, na ocupação da BR-101 Sul, na altura da Fábrica da Vitarella/Cabo de Santo Agostinho, um companheiro de 70 anos foi agredido por PMs de forma absurda. Como consequência, ficou em estado de coma por várias semanas. Essa prática nefasta aconteceu durante a ditadura militar, onde trabalhadores e estudantes eram espancados covardemente em manifestações. Aqui em Pernambuco está se tornando uma rotina”, ressaltou o presidente da CUT-PE, Carlos Veras.

A violência exacerbada e abusiva a qual aos companheiros do Sindmetal-PE foram vítimas soma-se à falta do diálogo efetivo e necessário. Esses tristes episódios de agressão nos levam a reafirmar que o modelo de segurança pública adotado por vários estados de nosso país continua obsoleto – não acompanhou as transformações ocorridas no Brasil e do mundo nos últimos 50 anos.

Como uma das Centrais organizadoras da Paralisação Nacional contra as MPs 664/665 e o PL 4330, a CUT-PE, exige apuração urgente das prisões arbitrárias e descabidas sofridas pelos sindicalistas/diretores do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), em particular, ao dirigente sindical da CUT, o companheiro José da Silva Cavalcanti.

Polícia é para garantir a segurança da população, não para prender pais de família de forma absurda e truculenta.

Diretoria Executiva – CUT-PE

Leia também

Últimas notícias