Sindicalistas querem atenção a direitos trabalhistas em fusão de empresas aéreas

União entre a TAM e a chilena LAN criará a maior companhia aérea da América Latina

São Paulo – A única forma de defender os trabalhadores das companhias aéreas TAM e LAN durante o período de fusão é unir os sindicatos da rede, analisa o presidente da Federação dos Trabalhadores da Aviação Civil (Fentac-CUT), Celso André Klafke. As duas empresas tiveram sua fusão aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na última quarta-feira (14), o que possibilita a criação da maior companhia aérea da América Latina, a Latam.

“A maior preocupação dos sindicatos de trabalhadores no Brasil e outros países onde a LAN tem base é a possibilidade de desrespeito aos direitos trabalhistas e a política antissindical da companhia”, alertou o dirigente. Representantes dos sindicatos do setor, com apoio da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF, na sigla em inglês), reúnem-se desde maio deste ano para trocar informações sobre as relações trabalhistas na empresa chilena e para definir estratégias.

O último encontro ocorreu no mês passado no Equador, e reuniu sindicalistas do Brasil, Colômbia, Peru, Equador, Paraguai, Chile, Argentina e Espanha. “Agora que a fusão foi aprovada, aguardamos uma reunião com a nova empresa para sabermos como se dará de fato essa convergência e o que irá mudar para os trabalhadores para, então, tomarmos iniciativas”, pontuou Klafke.

A expectativa é que esses encontros com representantes sindicais resultem em encaminhamento de estudos à Latam, em reunião futura. Em agosto de 2010, houve reunião entre as categorias da aviação civil (aeroviários, aeronautas e aeroportuários) sobre a fusão, sem que nenhuma informação concreta sobre a estabilidade dos empregos fosse repassada. A TAM afirma que não fazer demissões, uma vez que o objetivo da união é buscar fortalecimento no cenário internacional.

Segundo o presidente da Fentac, resta “esperar que dê certo” e que os trabalhadores sejam beneficiados com a ação. Atualmente, a TAM tem 29.021 funcionários e a LAN, 21.216.

O plano de fusão foi anunciado em agosto e analisado posteriormente pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda. Antes de ser aprovado pelo Cade, o tribunal antitruste do Chile já havia aprovado a fusão com ressalvas. Uma das medidas é que a Latam somente poderá ter uma aliança internacional de empresas aéreas, para não dificultar a concorrência no setor aéreo. A empresa deverá repassar dois pares de slots (horários e espaços para pousos e decolagens) para outra empresa no aeroporto de Guarulhos, na rota São Paulo-Santiago.

Campanha salarial

Aeronautas e aeroviários em campanha salarial devem ir à reunião de conciliação no Ministério Público do Trabalho (MPT) na próxima segunda-feira (19), em Brasília, para tentar acordo com as companhias aéreas, que oferecem 3% de reajuste (o INPC acumulado em 12 meses, até novembro, é de 6,18%). As categorias pedem 10% para os salários e 14% para os pisos. Reunião na última quinta (15) terminou sem acordo, e os trabalhadores programam greve para o próximo dia 22.

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