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Caravana Bancária navega mais de 10 mil quilômetros para ir aos rincões do Pará

Para acolher demandas de trabalhadores e clientes, sindicalistas viajam milhares de quilômetros por rios e estradas paraenses

Sindicato dos Bancários do Pará
Sindicato dos Bancários do Pará
A Caravana Bancária já percorreu mais de 10 mil quilômetros de rios para chegar à base de trabalhadores dos bancos

São Paulo – Presença na base. Esse termo tão específico traduz a relação entre trabalhadores que abrem mão de suas carreiras para se tornar dirigentes sindicais e colegas que permanecem atuando nos locais de trabalho. No caso do Sindicato dos Bancários do Pará, essa presença na base se dá por caminhos que desembocam quase sempre nas águas que cortam o segundo maior estado do Brasil. Além de 50 mil quilômetros de estrada, cerca de 10 mil quilômetros de rios já foram percorridos somente desde 2020, quando foi retomada a Caravana Bancária.

O trabalho da caravana, criada em 2013, vem sendo ampliado pela atual gestão, que assumiu a entidade no final de outubro de 2020. Dos 144 municípios paraenses, 103 já foram visitados pelos dirigentes sindicais. Além de ouvir e encaminhar soluções para as demandas dos bancários, e muitas vezes dos clientes também, a Caravana Bancária entrega aos trabalhadores da categoria um kit com calendário, agenda, máscaras contra a covid-19 e material informativo sobre o sindicato.

“Chegamos pela primeira vez em Porto de Moz e Almeirim, no oeste paraense”, conta, com orgulho, a presidenta da entidade e bancária da Caixa Federal, Tatiana Oliveira. Saindo da capital Belém, essas cidades têm dois tipos de acesso: barco ou avião. “Usamos os dois. Fomos de avião até Santarém, e de lá de seguimos de barco, em 12 horas de viagem.”

O território paraense se divide entre as bacias hidrográficas do Amazonas e do Tocantins: lá, rios são estradas

Visita inesperada

Para os trabalhadores que vivem nesses rincões, um alento, principalmente em tempos de pandemia. Esse é um dos principais assuntos abordados pelos bancários quando recebem os dirigentes sindicais. Receios, isolamento, cobrança por medidas de proteção. Também entram na pauta a campanha salarial da categoria e as eleições de 2022.

Melgaço, cidade de cerca de 28 mil habitantes que fica no Arquipélago de Marajó, nunca tinha recebido a visita da caravana. Um dos maiores produtores de açaí do estado é também a cidade com pior IDH do Brasil. Até lá foram 17 horas de viagem em agosto do ano passado. A estrada? As águas dos rios Guamá e Parauaú.

“Não esperávamos a visita, mas é muito bom saber que o sindicato existe e veio até nós durante uma pandemia, em que por várias vezes nos sentimos esquecidos em meio ao risco de infecção e reinfecção sem poder parar nossas atividades”, disse a bancária do Banpará Elane Machado, à reportagem do site do sindicato.

caravana bancária
Presença na base faz diferença para os trabalhadores

Liciomar Gomes também comemorou a visita da caravana (veja vídeo). “Bom a gente ter a presença humana, o calor humano de vocês. Isso dá mais segurança pro nosso trabalho, pra gente realizar nossas transações e operações do dia a dia”, disse aos dirigentes sindicais.

“Vamos aos locais de trabalho para atender demandas pontuais da categoria. E também para sindicalizar os bancários e levar informativos”, relata a presidenta do sindicato. “Semana retrasada fomos em Concórdia do Pará, no nordeste paraense. Lá, presenciamos uma bancária sendo vítima de violência verbal, por parte de cliente”, lembra. “Além de orientarmos sobre o que fazer, entramos em contato com a agência responsável pelo posto em que ela trabalha para que fizessem boletim de ocorrência.”

Ao lado do povo

Outro exemplo mencionado pela presidenta Tatiana Oliveira ocorreu no dia 26 de janeiro. Moradores da cidade de Cametá, na região do Baixo Tocantins, aguardavam atendimento em uma fila interminável na agência da Caixa e realizaram um protesto em frente à unidade localizada na principal via do município. “A Polícia Militar foi acionada e uma pessoa que vendia senhas para entrar no banco foi presa”, relata Tatiana.

A manifestação cobrava melhorias no atendimento da Caixa, já que as longas filas se repetiam diariamente. Muitas pessoas que se deslocavam de cidades vizinhas denunciaram passar até dois dias para conseguir uma senha de atendimento.

“O sindicato realizou contatos em nível local e nacional, por intermédio da comissão de empregados do banco (CEE/Caixa). Em reunião na semana passada, o superintendente da Caixa informou que diversas ações estão sendo feitas na agência Cametá”, conta a dirigente sindical. Dentre essas medidas, o deslocamento de funcionários de outras cidades para reforçar o quadro funcional da unidade e  melhorias na comunicação interna da agência. Além disso, graças à intervenção dos dirigentes sindicais da Caravana Bancária, um caminhão da Caixa está funcionando como ponto de atendimento emergencial, o que deve ocorrer pelo período de sete a 15 dias.

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