Produção encerrada

Saiu o último caminhão da linha da Ford. Metalúrgicos querem audiência com BNDES

Sem resposta do banco, segue a indefinição sobre a conclusão das negociações envolvendo a compra da unidade por parte da Caoa

Adonis Guerra/SMABC
Adonis Guerra/SMABC
Depois de assembleia na terça, funcionários entram para penúltimo dia de trabalho na Ford, que encerrou a produção ontem

São Paulo –Encerrada definitivamente a produção na Ford de São Bernardo, no ABC paulista – ontem (30), o último caminhão saiu da linha de montagem –, a expectativa se volta para uma possível conclusão de negociações envolvendo a Caoa, interessada na compra da fábrica, e o BNDES. Os metalúrgicos formalizaram pedido de audiência com o banco. Na terça-feira (29), durante a última assembleia no local, o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, afirmou que só uma decisão de ordem política explicaria o fato de até agora não ter sido aberta uma linha de financiamento que viabilizasse a operação.

Procurado ainda na terça, o BNDES informou, por meio da assessoria, que se reuniu com a Caoa, “como faz com qualquer potencial cliente”. “No entanto, não houve formalização de nenhuma proposta de financiamento e a empresa não possui operação com o Banco”, acrescentou. A Caoa e a Ford dizem que as negociações continuam em andamento.

Ex-presidente do sindicato, hoje à frente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID-Brasil), Rafael Marques cobrou os governos federal e estadual. “O governador João Doria disse que o ministro Paulo Guedes era um parceiro. Cadê a parceria?”, disse, durante a assembleia realizada na terça. “O BNDES não confirma se vai financiar a compra. Uma fábrica multinacional podendo ser comprada por uma empresa brasileira, que quer crescer no mercado automotivo, não é importante para o país? Isso já não seria motivo para o banco oferecer uma linha de financiamento?”, questionou.

Ontem, ele filmou os últimos momentos da produção de caminhões na linha de montagem. No vídeo, cumprimenta cada funcionário, e todos manifestam esperança de uma conclusão das negociações. “Tudo isso poderá voltar a funcionar, gerar emprego, gerar renda”, diz Rafael no vídeo.

De acordo com Wagnão, entre metalúrgicos e Caoa já existe um acordo coletivo praticamente definido, inclusive com nova tabela salarial. A princípio, a nova fábrica produziria apenas caminhões, mas a empresa estaria planejando também retomar a produção de veículos, que foi encerrada em junho.