Kassab e Serra descartam pressa após definição do PT em São Paulo

Ex-prefeito reafirma que não tem intenção de lançar-se novamente à disputa e evita criticar processo que levou Fernando Haddad a encabeçar candidatura petista

São Paulo – Gilberto Kassab (PSD), prefeito de São Paulo, e José Serra (PSDB), ex-prefeito da capital e ex-governador, evitaram comentar a definição do ministro da Educação, Fernando Haddad, como pré-candidato do PT à sucessão na maior cidade do país. Eles descartaram ainda que haja pressão ou pressa colocada sobre seus partidos para definir o nome dos concorrentes.

Após participarem de evento que contou com a presença da presidenta Dilma Rousseff (PT) e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), eles afirmaram que a candidatura petista não vai apressar a corrida em suas siglas. “Não creio que seja muito relevante. É muito tempo até a eleição”, afirmou Serra.

Eleito em 2004 para o cargo, ele mais uma vez negou intenção de ser o candidato do PSDB. “Minhas preocupações são com relação aos temas do Brasil.” Na ocasião, Serra tinha sido derrotado na disputa presidencial de 2002 para Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2010, o tucano perdeu novamente a corrida ao Palácio do Planalto, desta vez para Dilma.

O quadro tucano, até agora, está indefinido. Há quatro pré-candidatos e imagina-se que o partido vá optar pela realização de prévias, uma consulta que não faz parte dos hábitos da sigla. Os secretários estaduais de Energia, José Aníbal, de Cultura, Andrea Matarazzo, e de Meio Ambiente, Bruno Covas, são algumas das possibilidades, ao lado do deputado federal Ricardo Trípoli. Mas sequer há data certa para a realização do processo de escolha, que deve ocorrer em fevereiro ou março de 2012.

“Estão marcadas as prévias, deve ir para as prévias. Isso mobiliza o partido”, defendeu Serra. O tucano evitou tecer comentários sobre a definição do PT, que desta vez não realizou votação interna para escolher o candidato, uma possibilidade definida em seu estatuto. “Depende da situação de cada partido. No caso do PSDB, como há vários candidatos, a prévia é importante.”

A candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, foi fechada após acordo com os demais pré-candidatos, e anunciada no início da tarde desta sexta-feira (11) após a confirmação da desistência dos deputados federais Carlos Zarattini e Jilmar Tatto. Antes deles, os senadores Marta Suplicy e Eduardo Suplicy haviam deixado as prévias, que estavam agendadas para o dia 27 deste mês. 

Serra, que se mantém seletivo quanto às perguntas que responde, desta vez não criticou Haddad. Há poucos dias, o ex-governador havia manifestado que Marta teria sido uma candidata mais competitiva. Na quinta-feira (10), a senadora ironizou a declaração, afirmando se tratar de uma indicação de que o tucano quer ser candidato. Agora, ele capitulou frente à nova pergunta sobre o ministro (“Não vou dar palpite sobre outros candidatos”), e discordou da questão na qual uma repórter pediu para saber como o PSDB enfrentaria Haddad. “Não, ele vai enfrentar o partido.”

O prefeito Gilberto Kassab, que preside o PSD, sigla que fundou este ano após deixar o DEM, também não quis falar sobre o nome do PT. Kassab, que chegou à prefeitura após Serra renunciar para disputar o governo do estado, em 2006, pode lançar o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, também ex-integrante do Democratas. Outra possibilidade é a candidatura de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, que recentemente migrou do PMDB para a sigla novata, embora o próprio tenha descartado lançar-se ao pleito. “Adotei a postura de discutir as eleições municipais no ano que vem, seja internamente no meu partido, seja na aliança que compomos. Portanto, vamos aguardar as eleições do ano que vem”, afirmou o prefeito.