Para Onyx, deputados que saírem do DEM serão “zumbis” na nova sigla

Porto Alegre – A fundação de um novo partido, sinalizada há semanas pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), começa a tomar contornos definitivos. Na sexta-feira (18), o vice-governador […]

Porto Alegre – A fundação de um novo partido, sinalizada há semanas pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), começa a tomar contornos definitivos. Na sexta-feira (18), o vice-governador de São Paulo, Afif Domingos, anunciou que seguirá Kassab na fundação da nova sigla, enquanto uma possível viagem de Kassab até Salvador (BA), no domingo (20), pode ser uma sinalização de que também o vice-governador baiano Otto Alencar (PP) pode unir-se ao partido que está nascendo. A cerimônia de fundação pode ocorrer ainda durante a visita, ou então ser confirmada para a próxima segunda-feira (21).

A nova sigla, que vinha sendo tratada pelos potenciais fundadores como PDB (Partido Democrático Brasileiro), acabou ganhando um novo nome: PSD, ou Partido Social Democrático. A mudança seria, segundo analistas, uma tentativa de neutralizar a carga negativa que a sigla anterior já estava começando a receber, na medida em que foi considerada uma tentativa de aproximar-se da base aliada de Dilma Rousseff. O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) acabou verbalizando essa impressão em uma reinterpretação cheia de ironia: para ele, o PDB seria o “Partido Da Boquinha”.

“Caso ocorra a fusão (com outra sigla) durante a legislatura, a infidelidade fica ainda mais caracterizada”, diz Onyx Lorenzoni, em entrevista ao Sul21. Ele garante que o partido irá buscar de volta os mandatos dos que saírem para integrar a nova sigla, inclusive do próprio Kassab na prefeitura de São Paulo. O parlamentar explica que, para poderem se beneficiar da exceção à regra de fidelidade partidária, os dissidentes terão que ser membros fundadores do PSD. “Eles terão que assinar a ata de fundação, que vai ser registrada em cartório e posteriormente publicada no Diário Oficial da União. A partir daí, esses deputados vão virar zumbis, mortos-vivos. Como membros fundadores de outro partido, eles já vão para o limbo”, argumenta.

Para Onyx, Gilberto Kassab “mete os pés pelas mãos” ao articular a saída de seu atual partido. “O problema é que Kassab é um operador. Ele não é nem um tribuno, nem um ideólogo e nem um formulador. Quando um operador se mete a atuar como formulador, acaba cometendo equívocos”, alfineta. Para o deputado federal, depois de toda a mobilização que Kassab fez, não restava outra alternativa que não ir até o fim. “Ele (Kassab) acabou presa da própria armadilha. Seguir em frente (com o novo partido) é o único modo de ele manter algum grau de dignidade nesse processo”, afirma Onyx.

De qualquer modo, Onyx Lorenzoni minimiza os efeitos da situação sobre o DEM. “O que estavam pintando como um tsunami acabou virando uma marolinha”, brinca, lembrando uma frase famosa do ex-presidente Lula sobre a crise econômica mundial de 2008. Segundo o parlamentar gaúcho, dá para contar “nos dedos de uma mão” os democratas que estão dispostos a sair do partido para acompanhar Kassab e Afif Domingos na nova legenda. “O único deputado de São Paulo confirmado é o Guilherme Campos”, garante, descartando também a possibilidade de algum senador da sigla, como Kátia Abreu (TO), abandonar o DEM em direção ao novo partido. No Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni garante que a adesão ao novo partido é “nula”. “Aqui, ninguém entra nessa maluquice”, dispara.

O parlamentar garante que o DEM está encarando a situação de forma tranquila, mas firme. Para ele, a eleição do senador José Agripino Maia (RN) como presidente da sigla simboliza de forma clara o momento de união da sigla, que não rachará por causa das dissidências. “O DEM tem 1 milhão de filiados, uma história consolidada, estrutura em todos os estados do Brasil. Momentos de crise são bons para que façamos uma reflexão, sim, mas também ajudam no crescimento do partido.”

 

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