Mar de incompetência

Turquia barra navio brasileiro com amianto. ‘Vexame internacional’, afirma pesquisadora

Segundo o governo daquele país, as autoridades brasileiras não entregaram relatório de substâncias consideradas perigosas

Marinha do Brasil
Marinha do Brasil
Porta-aviões foi usado pela Marinha de 2000 a 2014

São Paulo – O antigo e ultrapassado porta-aviões São Paulo, da Marinha do Brasil, saiu do cais do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro no último dia 4, com destino à Turquia. Puxado por um rebocador, viajava para ser sucateado. Mas terá de voltar. As autoridades turcas não aceitaram a embarcação em suas águas territoriais, alegando descumprimento de acordo.

“Vexame internacional em que estamos metidos com a proibição do governo turco do porta-aviões São Paulo, exportado de forma irregular para desmanche”, afirmou em rede social a consultora Fernanda Giannasi. Engenheira de segurança do trabalho, ela é especialista na questão do amianto, substância cancerígena banida em vários países.

Segundo Fernanda, o Ibama chegou a autorizar a saída da embarcação, mas agora “manda o navio voltar para ser ‘desamiantizado’ no Brasil”. E acrescentou: “Atestado da mais alta incompetência e irresponsabilidade dos órgãos ambientais do (DES)governo brasileiro”. A grafia original das postagens da engenheira foi mantida.

Substâncias perigosas

Assim, na última sexta-feira (26), após denúncias de organizações ambientalistas, o governo turco barrou a entrada do porta-aviões, por conter “materiais tóxicos” em sua estrutura. As autoridades brasileiras teriam ainda descumprido condições como permitir uma segunda inspeção para a elaboração de um relatório de “substâncias perigosas” no navio.

Construído na França a partir de 1957, foi da Marinha daquele país de 1963 até 2000, quando foi adquirido pelo Brasil. e usado até 2014, ano em que foi ancorado no Arsenal da Marinha. Em março do ano passado, foi arrematado em leilão por um estaleiro turco, por R$ 10,5 milhões.

“Decidimos anular o acordo condicional concedido ao navio NAe São Paulo. O porta-aviões não será autorizado a entrar em águas territoriais turcas”, disse o ministro do Meio Ambiente, Urbanização e Mudanças Climáticas da Turquia, Murat Kurum, em postagem no Twitter.

Nesse sentido, ele lembrou que a autorização estava condicionada a uma “inspeção antes de entrar nas nossas águas territoriais”, além de sucateamento sob supervisão dos peritos do seu ministério. “Sempre cumprimos o Direito Internacional de acordo com a legislação em cada navio que veio ao nosso país para operações de desmantelamento.”