Mais Médicos ameniza dificuldades das equipes da saúde da família em Porto Alegre

Déficit

Ramiro Furquim/Sul21

Unidade do bairro Passo das Pedras ficou mais de cinco meses sem oferecer atendimento de um médico

Porto Alegre – Em maio de 2013, quando o governo federal tornava pública a discussão sobre a contratação de médicos estrangeiros, a Prefeitura de Porto Alegre admitia que, das 186 equipes de saúde da família da cidade, mais de 40 não contavam com a atuação de nenhum médico. Quase quatro meses depois, o panorama das equipes continua complicado, mas é atenuado com a chegada de profissionais inscritos no programa Mais Médicos.

À época, o coordenador do Instituto Municipal de Saúde da Família (IMESF), Fernando Ritter, afirmou que, embora a prefeitura abrisse processos seletivos, os concursos inevitavelmente deixavam lacunas. “A maior dificuldade é convencer o profissional para a atenção básica”, disse ao Sul21 ainda em maio. Hoje, Ritter é coordenador do programa Mais Médicos em Porto Alegre.

Na primeira etapa do programa que leva médicos para cidades do interior ou periferias das capitais brasileiras, a prioridade era oferecida para brasileiros – no entanto, cinco estrangeiros devem começar na próxima semana os trabalhos junto às equipes da saúde da família em Porto Alegre. “Estamos, hoje, com 38 equipes sem médicos, já chegamos a ter 47. Até quarta-feira (11) selecionaremos pessoas, o processo seletivo está aberto. Mas, historicamente, nem todos os inscritos e aprovados assumem o cargo”, conta Ritter.

Segundo a prefeitura, os novos médicos devem assumir as unidades que “estão há mais tempo prejudicadas” ou “as que atendem o maior número de pessoas”. As regiões prioritárias devem ser a Restinga/Extremo Sul, Eixo Baltazar/Norte (nas cercanias da Avenida Baltazar de Oliveira Garcia) e Lomba do Pinheiro, bairro da zona leste da Capital.

Situada na Rua Carlos Salzano Vieira da Cunha, no Passo das Pedras, a unidade Planalto do Eixo Baltazar/Norte ficou quase um semestre sem médico no local, segundo os funcionários do próprio posto. Há cerca de uma semana, através da primeira etapa do programa Mais Médicos, um profissional foi direcionado à unidade de saúde da família. Nesta segunda-feira (9), ele começou a trabalhar.

Os funcionários da unidade Planalto afirmaram que não poderiam dar entrevistas sem a autorização da gerência dos postos da região. No entanto, disseram que a impossibilidade de oferecer o atendimento adequado para os moradores da comunidade por vezes quase resultava em conflitos. “Muitas vezes não era possível atender, tínhamos que mandar as pessoas para algum outro lugar. Elas ficavam indignadas”, afirmou um funcionário.

A gerência do Eixo Baltazar/Norte afirmou que, mesmo com a chegada de novos profissionais, ao menos duas unidades da região permanecerão sem oferecer atendimento médico nas próximas semanas. Na opinião de Fernando Ritter, “a questão salarial” em comparação com o atendimento privado e “a própria concorrência na Região Metropolitana” são dois dos impedimentos que afastam os profissionais brasileiros da medicina familiar.

Nesta área, os concursos municipais na Capital oferecem salários próximos ao valor de R$ 10.000,00. Segundo informações do Estado de São Paulo, Porto Alegre será uma das cidades a oferecer, além do salário base, uma ajuda de custo mensal de R$ 1.500,00 e R$ 371,00 relativos ao auxílio alimentação para os profissionais do programa Mais Médicos.