Desinformação

Policiais prendem portadores da doença de Huntington por desconhecimento

Professor da Universidade de San Diego Kenneth Serbin esteve no Brasil para falar sobre a doença de que é portador e cobrou mais esclarecimentos por parte do poder público

Arquivo/Fapesp

Huntington: Prolongamento exagerado de um gene produz proteínas com problemas, que acabam matando neurônios

São Paulo – A falta de conhecimento sobre a doença de Huntington por parte de agentes do Estado pode causar sérios constrangimentos aos doentes. Em último caso, policiais prendam portadores desse tipo de enfermidade, ao confundirem com pessoas alcoolizadas, e que reagem com agressão à prisão.

Homens e mulheres vítimas dessa doença têm problemas cognitivos, emocionais e de comportamento, e sofrem com os movimentos involuntários, o que faz com que muitos achem que estejam bêbados e agressivos.

O historiador Kenneth Serbin, escritor e professor titular da Universidade de San Diego e um dos mais importantes brasilianistas, com várias obras publicadas sobre o nosso país, esteve recentemente no Brasil para falar sobre esse assunto. Kenneth perdeu a mãe vítima dessa enfermidade degenerativa. Ele também é portador da doença e tornou-se militante da Associação da Doença de Huntington da América desde 1998.

A ocorrência de movimentos involuntários faz com que as pessoas confundam a doença de Huntington com o mal de Parkinson, diz. “A pessoa perde a memória, a capacidade de falar, de raciocinar e, ao final, a capacidade de cuidar de si. É como se fosse uma regressão ao estado infantil.”

Além dos problemas cognitivos, o paciente pode sofrer de depressão, alucinação, agressividade, dentre os diversos sintomas e variações emocionais e comportamentais. Tem muitos casos, nos EUA e também no Brasil, de pessoas presas, porque a polícia acha que estão bêbados, ou drogados”, afirma o ativista, que cobra maior esclarecimento por parte das autoridades públicas sobre a doença de Huntington.

Em caso recente nos EUA, um paciente foi preso e, ao tentar explicar que se tratava de uma doença, foi agredido pelos policiais. “Achavam que os movimentos involuntários eram chutes contra eles. Na medida em que ele tentava explicar, os policiais o forçavam cada vez mais no chão, e ele ficou machucado”. A falta de consciência sobre a doença leva a esse tipo de tratamento, alerta o pesquisador. “Geralmente, os sintomas aparecem entre 35 e 55 anos de idade. Tenho 55 e muita sorte de não ter apresentado os sintomas ainda.”

Ouça reportagem de Marilu Cabañas na Rádio Brasil Atual: