Epidemia

São Paulo registra recorde histórico de casos de dengue

Até a semana passada, 222 mil novos casos da doença foram registrados em municípios paulistas

Betina Carcuchinski / PMPA

Combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti, ainda é a melhor forma de prevenir a proliferação da doença

São Paulo – Abril ainda não terminou, mas já é responsável pelo recorde histórico de casos de dengue no Estado. Dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) mostram que São Paulo somou até a última quarta-feira (22) mais de 222 mil novos diagnósticos da doença, sendo 212.904 autóctones, ou seja, contraídos em municípios paulistas, e outros 9.140 importados. O montante já é superior a todo o ano de 2013, quando foram registradas mais de 209 mil ocorrências.

A situação não é diferente no ABCD, que teve alta de 300% na comparação entre o primeiro trimestre deste ano com o mesmo período de 2014. Nas primeiras semanas de abril, outros 936 novos registros foram confirmados na Região, que totaliza 2.311 casos de janeiro até a semana passada.

Na última sexta-feira (24), a Prefeitura de Diadema confirmou a primeira morte causada pela doença no ABCD neste ano. A vítima foi uma mulher de 37 anos, moradora da Vila São José, que passou por atendimento em hospital particular em São Bernardo. Após diagnóstico, permaneceu internada entre os dias 12 e 15 de março e faleceu no dia 16.

Pouco frequente

O professor de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Munir Akar Ayub, esclarece que a evolução da doença para óbito é pouco frequente e que a gravidade está associada a determinados fatores. “Em geral acontece com pessoas com comorbidade, ou seja, com outras doenças (preexistentes), como diabetes, doenças graves como câncer, ou mesmo grávidas, idosos e pessoas que já tiveram dengue.”

Munir Akar Ayub salienta que na maior parte dos episódios o paciente convive de sete a 10 dias com os sintomas, que vão desde febre alta, dor de cabeça e no corpo e manchas vermelhas, em caso de dengue clássica, e vômitos, dores abdominais e sangramento na chamada dengue hemorrágica. “Nos casos mais simples não há necessidade de internação e pelos exames e acompanhamentos iniciais já é possível saber pelos sinais de alerta quando a doença pode evoluir mal.”

Mosquito costuma estar dentro de casa

O combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti, responsável não apenas pela transmissão da dengue, mas também da febre chikungunya e febre amarela, ainda é a melhor forma de prevenir a proliferação da doença. A água parada é essencial para a reprodução do mosquito, por isso a importância de esvaziar recipientes que possam acumular água, como pneus, garrafas e vasos. Em 80% dos casos, o mosquito pode ser encontrado dentro das residências. Quatro tipos de vírus de dengue circulam no Estado, com predominância do tipo 1.

A Secretaria estadual de Saúde informou em nota que “cerca de dois terços de todos os casos de dengue neste ano foram concentrados em 30 municípios paulistas, entre eles a Capital. Dos 645 municípios paulistas, 365, ou seja, mais da metade, não apresentaram quadro de epidemia neste ano”.