Combate a aids avança, mas Brasil tem meio milhão de infectados com HIV

Apresentação de dados sobre aids mostra que vigilância, do governo e da sociedade, deve ser constante (Elza Fiuza/Abr) Brasília – Dados divulgados hoje (20) pelo Ministério da Saúde e pelo […]

Apresentação de dados sobre aids mostra que vigilância, do governo e da sociedade, deve ser constante (Elza Fiuza/Abr)

Brasília – Dados divulgados hoje (20) pelo Ministério da Saúde e pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) mostram que entre 490 mil e 530 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. Dessas, 135 mil ignoram que têm o vírus. O relatório da Unaids afirma ainda que a meta de pôr fim à epidemia mundial de aids cada vez mais deixa de ser visionária para se tornar “totalmente viável”.

O levantamento mostra também que a incidência da aids no país, em 2011, foi de 20,2 casos para cada 100 mil habitantes. No mesmo período, foram registrados 38,8 mil novos casos da doença – a maioria nos grandes centros urbanos.

Enquanto o Sudeste apresenta redução na taxa de incidência – de 27,5 casos para cada 100 mil habitantes em 2002, para 21  em 2011 –, as regiões Sul, Norte e Nordeste registraram tendência de aumento de casos. No Centro-Oeste, o comportamento da contaminação é considerado estável nos últimos 10 anos.

Segundo o balanço, o coeficiente nacional de mortalidade caiu de 6,3 mortes para cada 100 mil habitantes, em 2000, para 5,6 na mesma comparação em 2011. Na última década, o país apresentou uma média de 11,3 mil mortes por ano provocadas pelas complicações em decorrência da aids.

Outro dado de destaque trata do acesso de gestantes ao teste rápido de diagnóstico durante o pré-natal. Em 2004, a cobertura era 63%, e passou para 84% no ano passado.

Atualmente, 217 mil brasileiros com o vírus HIV estão em tratamento. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, avaliou que o país registra forte adesão à terapia antirretroviral, pois mais de 70% dos pacientes apresentam carga viral indetectável após seis meses de tratamento.

Em 2006, 32% dos pacientes soropositivos chegavam ao serviço de saúde com contagem das células CD4 superior a 500 por mm³, indicativo de que o sistema imunológico ainda não está comprometido. Em 2010, o percentual subiu para 37%.

Ainda assim, a estimativa do governo brasileiro é que 30% dos infectados chegam ao serviço de saúde tardiamente. Por esta razão, a campanha deste ano pretende mobilizar estados, municípios e a sociedade civil, até o próximo dia 1º, para a testagem de HIV e também de sífilis e hepatites B e C.

O ministro Alexandre Padilha disse que uma das metas do governo é ampliar a precocidade do diagnóstico. “Esse é um objetivo que devemos perseguir fortemente”, disse. Ele reconheceu, no entanto, a necessidade de melhorar a oferta de serviços públicos para a realização de testes rápidos, melhorando a qualidade do atendimento à população. “Temos que reforçar a interiorização dos serviços de tratamento.”

A campanha visa a alertar a população em geral, mas com enfoque nos grupos em situação de maior vulnerabilidade, como homens que fazem sexo com homens, travestis e profissionais do sexo. O governo também quer incentivar os profissionais de saúde a recomendar o teste aos pacientes, independentemente de gênero, orientação sexual ou comportamento.

Durante os próximos dez dias, as pessoas que desejarem saber se têm o vírus devem procurar as unidades da rede pública de saúde e os Centros de Testagem e Aconselhamento.