Na beira de novo caos

Brasil tem novo dia acima de 85 mil novos casos de covid. Transmissão ‘extremamente alta’, alerta Fiocruz

Fundação aponta níveis críticos da covid-19 em todo o país. Recomendação é contrariar Bolsonaro e manter distanciamento social e uso de máscaras

Secom AM
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Faltam medidas não farmacológicas para contenção do surto, como rastreio de contágios, campanhas para uso de máscaras e isolamentos estratégicos

São Paulo – O Brasil registrou nesta sexta-feira (11) mais 2.216 mortos devido à covid-19 em um período de 24 horas, somando um total de 484.235 mortos pelo coronavírus. No mesmo período, foram 85.149 novos casos, Além de manter-se há meses como segunda nação com mais mortes pela infecção no mundo – atrás dos Estados Unidos – o país também acumula 17.296.118 notificações oficiais de casos desde o início da pandemia, em março de 2020. A RBA utiliza informações fornecidas pelas secretarias estaduais, por meio do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Assim, eventualmente, elas podem divergir do informado pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências, para mais ou para menos, são ajustadas após a atualização dos dados.

Os números de casos e óbitos desconsideram a ampla subnotificação que ocorre no país. Sem coordenação nacional para combate ao vírus, o país testa pouco e mal sua população. Faltam medidas não farmacológicas para contenção do surto, como rastreio de contágios, campanhas para uso de máscaras e isolamentos estratégicos.

Ao contrário, o presidente Jair Bolsonaro segue atuando para atrapalhar o combate à covid-19, incentivando aglomerações, disseminando mentiras, minimizando os efeitos da doença, desqualificando vacinas e atacando o uso de máscaras. Neste cenário adverso, o país caminha para superar nos próximos dias a marca de meio milhão de mortos, na mais grave crise sanitária de sua história.

Terceira onda

A covid no Brasil chega a esta sexta com números que reforçam as previsões de proximidade de uma “terceira onda”, sem ainda ter havido a superação da segunda. No início da semana, a média móvel diária de mortes, calculada em sete dias, estava em 1.639, menor média desde março. Em cinco dias, esse número deu um salto e, agora, está em 1.913. Da mesma forma a média de infectados, que no domingo era de 57.542 novos casos a cada um dos sete dias anteriores, mas passou hoje a ser de 64.959 por dia.

A transmissão da covid-19 no Brasil está em nível “extremamente alto” em praticamente todos os estados. O alerta é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que aponta para descontrole total da pandemia pelo país, com exceção, ao menos por enquanto, de Roraima e Espírito Santo, que estão com índice “muito alto”.

Tendência

Com a transmissão fora de controle e o elevado número de novos casos registrados a cada dia, a tendência das próximas semanas é de aumento nas mortes. Isso porque o coronavírus leva alguns dias entre a contaminação e a manifestação de sintomas graves.

Diante disso, a Fiocruz reafirma a necessidade de medidas de contenção do vírus, ao contrário do que prega o presidente. “É muito importante a utilização de medidas não-farmacológicas, que têm como objetivo reduzir a propagação do vírus e o contínuo crescimento de casos, o que sobrecarrega as capacidades para o atendimento de casos críticos e graves e contribui para o crescimento de óbitos; medidas relacionadas ao sistema de saúde, que visam aliviar a sobrecarga dos serviços e também reduzir a mortalidade hospitalar por Covid-19, por desassistência e por outras doenças, bem como garantir o suprimento de insumos fundamentais para o atendimento; as políticas e ações sociais, cujo objetivo é mitigar os impactos sociais e sanitários da pandemia, principalmente para as populações e grupos mais vulneráveis”, afirma a entidade.