Só pensa na eleição

São Paulo tem o maior número de mortes por covid-19 em seis semanas. Covas minimiza

Cidade teve 134 mortes por covid-19 em sete dias, chegou a 51% de ocupação de UTI e tem 251 pessoas intubadas, maior número desde 9 de outubro

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Bruno Covas em coletiva em que afirmou que havia estabilidade no número de casos e mortes e que não ia retroceder na flexibilização

São Paulo – A cidade de São Paulo registrou 135 mortes por covid-19 na semana dos dias 14 a 20 de novembro. O número é o maior registrado nas últimas seis semanas e comprova o agravamento na pandemia de coronavírus. A cidade chegou ontem a 51% de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTI) e tem 251 pessoas intubadas devido a problemas respiratórios decorrentes da covid-19. Trata-se do maior número desde 9 de outubro. Apesar disso, o prefeito da capital paulista e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), segue minimizando a situação. “Não vamos fazer discurso alarmista em véspera eleitoral, superestimando esses dados”, disse Covas, ontem (26), em sabatina do portal UOL.

mortes covid são paulo

Além dos dados preocupantes das mortes por covid-19 em São Paulo, a ocupação de UTI também atinge seu maior nível em seis semanas. No dia 11 de novembro, a taxa atingiu seu menor nível desde o pico da pandemia, em junho: 33% de ocupação. Mas, desde então, tem subido continuamente e ontem chegou a 51% na cidade, taxa que é mais alta na rede privada.

Alguns hospitais municipais, no entanto, já apresentam ocupação de UTI maior, como o Hospital da Bela Vista (78%), o Hospital Dr. José Soares Hungria (63%) e o Hospital Tide Setúbal (60%). Na semana passada, já configurado o aumento nas internações, Covas disse que não ia mudar nada no processo de flexibilização da quarentena.

Maus prognósticos

Junto com o aumento das internações, o número de pessoas intubadas devido a complicações respiratórias da covid-19 também cresceu. Os dados da prefeitura registram 251 pessoas em ventilação mecânica ontem, maior número desde o dia 9 de outubro, quando havia 260 pessoas nessa situação. No total, 851 pessoas estão internadas com covid-19, sendo 486 em UTI. Esse crescimento das internações pode significar mais mortes por covid-19 em São Paulo em algumas semanas.

A RBA usou os dados de mortes do Boletim Diário Covid-19 da prefeitura de São Paulo até o último dia 20 de novembro, para reduzir distorções devido à demora entre a ocorrência e o registro de óbitos nos boletins, que apresenta alterações cotidianamente.

Dados estaduais confirmam piora

Segundo o Boletim Coronavírus, organizado pelo governo de João Doria (PSDB), a cidade de São Paulo teve um crescimento de 41,7% no número de novos casos de covid-19, nos últimos 30 dias. Na grande São Paulo, a taxa de ocupação de UTI chegou a 58% hoje (27), com o registro de 882 novas internações apenas nesta sexta-feira. É o maior número desde 27 de agosto. Em todo o estado a ocupação de UTI é de 51%.

Com esses índices, conforme os critérios do governo paulista, a grande São Paulo – incluindo a capital – deveria retroceder à fase 2-laranja, do Plano São Paulo, com o fechamento de bares, restaurantes, academias e atividades culturais, além da redução do funcionamento do comércio e dos serviços em geral.

Mesmo com todos os parâmetros comprovando o agravamento da pandemia de covid-19, a próxima reclassificação do Plano São Paulo, que coordena a flexibilização da quarentena, vai correr apenas na segunda (30), um dia após a eleição. O atraso na avaliação, determinado por Doria, faz com que as regiões paulistas fiquem 53 dias sem tomar medidas para evitar a piora na situação. O governador tucano ignorou o próprio Comitê de Contingência do Coronavírus, que recomendou na terça-feira (24) a mudança urgente de classificação das cidades.


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