Tragédia em Suzano

Saúde mental dos alunos deve ser observada no ambiente escolar

Debate na Rádio Brasil Atual suscitou a importância do tema. “Como formamos um cidadão, que é o papel da escola, sem cuidar da mente?”, questiona Maria Julia, diretora da UJS

Rádio Brasil Atual/Divulgação

Maria Júlia Oliveira, Maria Eduarda Antonowitz (centro) e Rogê Carnaval discutiram as possíveis razões do atentado em Suzano

São Paulo – O programa Jornal Brasil Atual desta sexta-feira (15) promoveu um debate para tentar compreender as razões que levaram dois jovens a entrarem numa escola com o intuito de matar alunos e funcionários, como aconteceu esta semana na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, região metropolitana de São Paulo.

Participaram da conversa Rogê Carnaval, historiador e educador do projeto “Respeitar é Preciso”, Maria Julia Oliveira Rodrigues do Nascimento, diretora da União da Juventude Socialista (UJS), e Maria Eduarda Antonowitz, estudante secundarista e também integrante da UJS, com mediação da jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

Para Rogê Carnaval, a uso da força e a violência está no centro da formação histórica do Brasil, desde a escravidão, com requintes de crueldade e a prática de castigos públicos para servirem de “exemplo”.

“Isso se perpetua na nossa formação enquanto nação. Nos anos 70 e 80, a violência vai se transformando em algo ainda mais endêmico, um momento em que a ditadura militar e a violência vai se institucionalizando nos porões, mas também com a polícia nas ruas, com grupos de extermínio que se formam nas grandes cidades”, analisa.

Para ele, esse processo chega aos dias atuais, com o crescimento do tráfico de drogas alinhado com o tráfico de armas, e uma população cada vez mais armada e com medo. “É um discurso absolutamente falacioso, mentiroso, hipócrita, dizer que, ao armar a população, estamos promovendo aquilo que o Estado não consegue prover, que é a sensação de segurança. E de fato, é um discurso legítimo, todo mundo quer se sentir seguro, o problema é que não é armando a população que a gente vai conseguir isso.”

Maria Julia pondera a importância de se avaliar a saúde mental dos jovens que cometeram o atentado em Suzano. “São jovens que entram numa escola para matar outros jovens. Por que? Problemas de saúde mental têm sido cada vez mais recorrentes. É urgente se preocupar com a saúde mental principalmente dos jovens, que já é uma fase muito complicada.”

Ao concordar com a colega, Maria Eduarda diz desconhecer a existência de algum trabalho nas escolas de escuta dos estudantes. E concordo que é preciso dar amparo. “É uma idade muito vulnerável”, afirma, destacando a importância de haver assistente social e psicólogo nas escolas para poder dar esse auxílio.

“Como formamos um cidadão, que é o papel da escola, sem cuidar da mente?”, questiona Maria Julia.

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