Brasil passará a produzir insulina em 2016

Ministério da Saúde assina acordo de transferência de tecnologia com laboratório da Ucrânia para produção do medicamento no país; Brasil tem mais de 7,6 milhões de diabéticos.

Ministro Padilha: esforço para que os pacientes tenham a segurança de receber um medicamento de alta qualidade, produzido no país (Foto: Elza Fiúza/ABr)

São Paulo – O Ministério da Saúde anunciou hoje (23) o início, ainda neste ano, da produção do princípio ativo da insulina, medicamento utilizado para o controle do diabetes. A produção será feita pelo Laboratório Biomanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, a partir de um acordo de transferência de tecnologia assinado com o laboratório ucraniano Indar. Segundo o cronograma, a fábrica do produto estará totalmente pronta no ano que vem e, em 2015, serão realizados testes e ajustes técnicos para a validação das instalações produtivas. Em 2016, o Brasil começará a produzir insulina em escala industrial. O ministério calcula que o acordo trará economia de R$ 800 milhões ao governo brasileiro.

Foi anunciada também a compra de mais de 3,5 milhões de frascos do produto, que deverão ser entregues em abril. Desde novembro passado, diversos postos de saúde em todo o país estão com os estoques reduzidos para distribuição aos diabéticos dependentes de insulina. Em São Paulo, por exemplo, o problema se agravou no começo deste mês. Segundo autoridades de saúde, o problema foi causado pela reprovação, pela Anvisa, de alguns lotes do produto importado.

“Nosso esforço é para que os pacientes tenham a segurança de receber um medicamento de alta qualidade, produzido aqui no país”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. “Além disso, queremos reduzir a vulnerabilidade do país no mercado internacional de medicamentos, incentivar a produção nacional de ciência e tecnologia e fortalecer a indústria farmacêutica brasileira”, completou. 

Estudos mostram que 7,6 milhões de brasileiros têm diabetes, dos quais 900 mil dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde para a obtenção de insulina. A doença, caracterizada pelo aumento de açúcar no sangue, favorece o desenvolvimento de outros problemas, como derrame, infarto e alguns tipos de câncer, além de lesões oculares e nos rins. Em 2010 foram registradas 123 mil mortes devido ao diabetes e suas complicações.

Autonomia

O ministério anunciou também parceria da Fiocruz com o laboratório brasileiro privado Biomm, que detém tecnologia para a produção de insulina. “Este estímulo do Ministério da Saúde trará de volta, para produzir no país, a antiga líder nacional, que se retirou do mercado farmacêutico brasileiro no começo dos anos 2000”, observou Alexandre Padilha, em referência à Biobrás. “Isso dá mais segurança aos pacientes e ao SUS.”

Segundo o ministério, esta parceria permitirá ao Brasil obter todo o ciclo de produção de insulina, possibilitando que o país conquiste autonomia tecnológica para a consequente eliminação de dificuldades de abastecimento do medicamento e de vulnerabilidade em relação a flutuações de preços no mercado mundial. 

Atualmente, estão em vigor 55 parcerias para a produção de 47 medicamentos, cinco vacinas, um contraceptivo, um teste rápido e uma pesquisa. A partir destas parcerias – que envolvem 15 laboratórios públicos e 35 privados – a expectativa é que o Ministério da Saúde obtenha uma economia de aproximadamente R$ 940 milhões por ano.

Nesses acordos estão contemplados 21 grupos terapêuticos de medicamentos. São antiasmáticos, antiparkinsonianos, antipsicóticos, antirretrovirais, biológicos, distúrbios hormonais, hemoderivado, imunobiológicos, imunoestimulantes, imunossupressores, e oncológicos. Entre eles destacam-se o oncológico Mesilato de Imatinibe; o antirretroviral Atazanavir; os biológicos Etanercepte e Rituximabe; vacinas para o Programa Nacional de Imunizações; e do antirretroviral de dose combinada (Tenofovir, Lamivudina e Efavirenz).

Com informações da Agência Brasil

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