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Padilha: sobram ataques e faltam propostas de entidades

Em entrevista, ministro da Saúde cobra entidades médicas que combatem o programa criado para solucionar a carência no setor

elza fiúza/aBr

Padilha: “Estamos falando de atenção básica, não estamos falando de hospitais altamente completos, e a atenção básica salva vidas”

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que não admitirá “ataques pessoais” e “boatos” vindos de entidades médicas que protestam contra as medidas anunciadas pelo governo, em especial o Programa Mais Médicos. “Nesse debate de divergências, propostas são importantes. O que eu não admito e lamento muito são debates de ataques pessoais ou de boatos. Circulou boato por aí, com ações de entidades, que o Ministério da Saúde não teria executado R$ 17 bilhões do orçamento em 2012. Não é verdade. O ministério empenhou todo o volume de recursos autorizados pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento”, disse Padilha, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Em julho, a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) entraram com ações no supremo Tribunal Federal (STF) contra a proposta. O presidente em exercício do STF, Ricardo Lewandowski negou o pedido de liminar da AMB. No total, foram cinco ações protocoladas contra o Mais Médicos.  O ministro disse esperar das entidades a apresentação de propostas alternativas às do programa do Executivo. “O governo apresentou um conjunto de ações que vão da infraestrutura, aumento de recursos e de vagas para formação ao chamamento que prioriza médicos brasileiros. Precisamos debater propostas, que sejam apresentadas.”

Uma das maiores críticas levantadas pelas entidades médicas é em relação à falta de infraestrutura em saúde para atendimento adequado à população nas regiões periféricas das grandes cidades e em municípios do interior do país. Segundo as entidades, de nada adianta levar médicos se os equipamentos de saúde não forem adequados. O presidente da AMB, Murilo Rezende de Melo, acusou o Mais Médicos de “populista”.

Padilha afirmou que, apesar de certas localidades não possuírem a estrutura adequada, a presença de médicos é fundamental no atendimento em atenção básica de saúde à população. “Há lugares que não têm infraestrutura, verdade, mas esses lugares têm pessoas que precisam ser atendidas, e o médico, junto com a equipe multiprofissional, do lado do paciente, em qualquer situação, faz a diferença. Estamos falando de atenção básica, não estamos falando de hospitais altamente completos, e a atenção básica salva vidas.”

O Mais Médicos prevê contratações em municípios do interior e na periferia das grandes cidades com o objetivo de diminuir a carência desses profissionais nas regiões prioritárias para o Sistema Único de Saúde (SUS). Prevê ainda fortalecer a prestação de serviços na atenção básica em saúde no país e ampliar a inserção do médico em formação nas unidades de atendimento do SUS. De acordo com o governo, a prioridade é contratar profissionais formados no Brasil. Caso as vagas não sejam preenchidas, contratará brasileiros formados no exterior e estrangeiros, nessa ordem. A estimativa é abrir cerca de 10 mil vagas, mas o número pode mudar, já que os municípios ainda vão se inscrever no programa.

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