editorial

Fazer valer a democracia

Midia Ninja Chico no Rio: divergências existem, mas não se pode pôr em dúvida a integridade da presidenta Quando Chico Buarque apareceu de surpresa em uma manifestação contra o impeachment […]

Midia Ninja

Chico no Rio: divergências existem, mas não se pode pôr em dúvida a integridade da presidenta

Quando Chico Buarque apareceu de surpresa em uma manifestação contra o impeachment no tradicional Largo da Carioca, no centro do Rio, logo se lembrou do golpe de 52 anos atrás, já que era 31 de março. O cantor e compositor fez referência à data, mas para lembrar que aquele episódio não poderia se repetir. E fez um apelo ao bom senso: as pessoas podem não gostar do PT, podem não ter votado em Dilma, porém não se podia pôr em dúvida a integridade da presidenta.

Quem faz comentários políticos tem sido hostilizado nas redes sociais, nas ruas, até dentro de casa. Usar determinadas roupas pode ser motivo de agressão física. Ter opinião tornou-se condenável. Especialmente quando vai contra a corrente, aquela encampada pelos principais meios de comunicações, para quem o Brasil só anda para a frente se varrer do mapa não a corrupção, mas um partido político, apenas um. O que embute também aversão a um ideário de busca de avanços sociais, em um país ainda muito atrasado.

Em sua coluna nesta edição (leia à página 15), o professor Lalo Leal observa: para saber o que está acontecendo no país, é melhor acompanhar os meios de comunicação estrangeiros. A cobertura política trata de forma desigual as manifestações e inclina-se à derrubada do governo. Isso quando não trata de forma ofensiva e desrespeitosa alguns de seus representantes. Em nome da livre expressão, recorre-se ao vale-tudo. Em nome da moralidade, quantos interesses e valores inconfessáveis. Corruptos avaliando o impeachment?

Assim, é preciso dizer quem quer o quê, e o que está em jogo, com a mudança no poder. Reformas, sim. Mas para a turma do chamado mercado, a quem o governo equivocadamente acenou nos últimos anos, esquecendo que há interesses inconciliáveis em questão. Eles querem eliminar direitos, flexibilizar, privatizar. De um governo apoiado por movimentos sociais esperam-se ações para o crescimento, pela redução da desigualdade e por justiça social, caminho que o país começou a trilhar, timidamente. Eles querem retomar uma histórica tradição brasileira, de governar para poucos.

Nota da Redação: esta edição foi fechada no dia 6 de abril, procurando acompanhar, do jeito possível, a velocidade cada vez maior dos acontecimentos, em especial na política brasileira.