Nem o céu é o limite
Estudantes da Escola Municipal Tancredo Neves, em Ubatuba. (Foto:Rodrigo Zanotto) Até o final do ano eles vão aos Estados Unidos para o lançamento de um satélite que estão acabando de […]
Publicado 18/03/2011 - 17h05
Até o final do ano eles vão aos Estados Unidos para o lançamento de um satélite que estão acabando de construir. O aparato ficará em órbita por três meses e é resultado de uma iniciativa que, de tão audaciosa, foi mencionada num artigo da edição de janeiro da revista americana SatMagazine, especializada no assunto. Por incrível que pareça, não se trata de universitários ou pesquisadores – e sim de crianças de 11 anos, moradoras de comunidades pobres, estudantes da Escola Municipal Tancredo Neves, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo.
“Se ainda nem terminaram o ensino fundamental e já estão para lançar um satélite, imagine a serenidade que terão para enfrentar desafios futuros”, entusiasma-se o professor de matemática Cândido Osvaldo de Moura. Com 28 anos dedicados à escola pública, ele não mede esforços para mudar a realidade que tanto o incomoda, como o ensino científico no Brasil – no qual se inclui a matemática. “Os alunos têm de entrar em contato direto com a ciência. Só conhecendo a natureza é que vão poder usar a tecnologia para domá-la e, assim, vencer os grandes desafios da humanidade.”
Para mostrar que isso é possível, Moura envolveu direção, pais e professores, introduziu aulas de eletrônica e informática, foi em busca de apoio técnico no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e, na USP de São Carlos, captou patrocínio para a importação de componentes e para a viagem à base de lançamento, na Califórnia (EUA). Sabia que nada seria fácil. Só não apostava na burocracia dos dois países como grande entrave para essa aventura pelo conhecimento – que, pelo que tudo indica, está apenas começando.