Nem o céu é o limite

Estudantes da Escola Municipal Tancredo Neves, em Ubatuba. (Foto:Rodrigo Zanotto) Até o final do ano eles vão aos Estados Unidos para o lançamento de um satélite que estão acabando de […]

Estudantes da Escola Municipal Tancredo Neves, em Ubatuba. (Foto:Rodrigo Zanotto)

Até o final do ano eles vão aos Estados Unidos para o lançamento de um satélite que estão acabando de construir. O aparato ficará em órbita por três meses e é resultado de uma iniciativa que, de tão audaciosa, foi mencionada num artigo da edição de janeiro da revista americana SatMagazine, especializada no assunto. Por incrível­ que pareça, não se trata de universitários ou pesquisadores – e sim de crianças de 11 anos, moradoras de comunidades pobres, estudantes da Escola Municipal Tancredo Neves, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo.

“Se ainda nem terminaram o ensino fundamental e já estão para lançar um satélite, imagine a serenidade que terão para enfrentar desafios futuros”, entusiasma-se o professor de matemática Cândido Osvaldo de Moura. Com 28 anos dedicados à escola pública, ele não mede esforços para mudar a realidade que tanto o incomoda, como o ensino científico no Brasil – no qual se inclui a matemática. “Os alunos têm de entrar em contato direto com a ciência. Só conhecendo a natureza é que vão poder usar a tecnologia para domá-la e, assim, vencer os grandes desafios da humanidade.”

Para mostrar que isso é possível, Moura envolveu direção, pais e professores, introduziu aulas de eletrônica e informática, foi em busca de apoio técnico no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e, na USP de São Carlos, captou patrocínio para a importação de componentes e para a viagem à base de lançamento, na Califórnia (EUA). Sabia que nada seria fácil. Só não apostava na burocracia dos dois países como grande entrave para essa aventura pelo conhecimento – que, pelo que tudo indica, está apenas começando.