Antes do fim

Witzel recorre a habeas corpus e encerra depoimento à CPI da Covid

Ex-governador se valeu de decisão do ministro do STF Nunes Marques para encerrar seu depoimento, marcado por graves acusações e insinuações contra Bolsonaro

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Edilson Rodrigues/Agência Senado
"A narrativa do governo federal sempre foi o negacionismo. Pedi à CPI uma sessão sob segredo de Justiça para averiguarmos aqueles que patrocinaram meu impeachment", disse Witzel

São Paulo – Horas antes do fim previsto, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel acionou o habeas corpus concedido ontem (15) pelo ministro do STF Kassio Nunes Marques e encerrou seu depoimento à CPI da Covid. Durante a manhã, a participação de Witzel foi marcada por ataques ao governo de Jair Bolsonaro, que responsabilizou pela tragédia da covid no Brasil, que está prestes a completar 500 mil mortes, contando apenas as oficialmente registradas. “A narrativa do governo federal sempre foi o negacionismo. Tudo que eu tinha que ser falado foi falado. Daqui para frente, seriam só ofensas contra mim”, completou, antes de pedir ao presidente da CPI, Omar Aziz, para deixar o colegiado .

‘Não sou porteiro’

Entre várias insinuações contra Bolsonaro para além da má condução do país ante a pandemia, Witzel disse que teria sido perseguido, após o avanço de investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco (Psol), em março de 2018. Por afirmações assim, o depoimento do ex-governador foi alvo de vários ataques da “tropa de choque” bolsonarista. Num bate boca com o filho mais velho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), afirmou que não era “porteiro” para ser intimidado pelo parlamentar.

Sem falar objetivamente, Witzel fez insinuações de que fatos graves envolvendo o presidente estariam para vir à tona, mas que virá a revelar em futura oportunidade. Diante disso, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), solicitou um novo depoimento de Witzel, desta vez sob segredo de Justiça. “Acabo de solicitar à Presidência da CPI da Covid, novo depoimento do ex-governador Wilson Witzel. Acreditamos que o ex-governador ainda tem muito a falar e não podemos deixar o relatório da CPI ser atingido por interferência e intimidações externas”, disse Randolfe.



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