Ex-secretário do Amazonas revelou ‘incompetência’ e ‘desfaçatez’, diz sanitarista
Presidenta do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes), Lúcia Souto, cobrou a responsabilização do ex-secretário Marcellus Campêlo pelo colapso do sistema de saúde em Manaus
Publicado 16/06/2021 - 10h30
São Paulo – Para a médica sanitarista Lúcia Souto, presidenta do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes), o depoimento do ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo à CPI da Covid nesta terça-feira (15) foi “didático”. Revelou, segundo a sanitarista, o “despreparo” e a “desfaçatez” com que a população foi tratada, em meio ao colapso em Manaus no início do ano. Seus relatos mostraram também que, diante da falta de oxigênio, a região foi “inundada” com hidroxicloroquina e outros medicamentos sem eficácia contra a covid-19, por iniciativa do governo federal.
“Mais do que incompetente, ele é um grande mentiroso e irresponsável”, disparou a especialista, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (16). Ela destacou, por exemplo, as declarações de Campêlo alegando que o desabastecimento de oxigênio na região durou apenas dois dias.
Da mesma forma, o ex-secretário atribuiu a escassez do insumo a “leis de mercado”, em função do aumento da demanda. No entanto, a própria CPI têm ofícios enviados pela empresa White Martins, alertando, desde julho de 2020, para os riscos de interrupção na oferta de oxigênio. “É esse tipo de situação que não dá mais para ficar impune. Afronta todas as regras da civilização”, disse a sanitarista sobre a crise em Manaus.
Witzel
Nesta quarta (16), é a vez do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel prestar esclarecimentos à CPI da Covid. Ele conta, ainda, com habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) garantindo-lhe o direito de ficar calado na Comissão. Além disso, Witzel também é réu por supostas fraudes cometidas durante o combate à pandemia. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, em esquema de propina envolvendo organizações sociais (OSs) da Saúde.
Diante disso, Lúcia afirma que não tem expectativas de que Witzel possa revelar informações comprometedoras contra o governo do presidente Jair Bolsonaro, que virou seu desafeto. “Se quiser recuperar um mínimo de reputação que perdeu ao longo desse processo, deveria revelar tudo o que ele sabe”, declarou a especialista.
Assista à entrevista
Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima