São Paulo – O cientista político Paulo Vannuchi analisou hoje (13), no primeiro comentário do ano à Rádio Brasil Atual, o perfil da nova equipe ministerial, que, segundo ele, apresenta maior densidade política e “é melhor do que a de quatro anos atrás”, apesar de alguns nomes que desagradam.

Para Vannuchi, dois ‘erros clamorosos’ na montagem da nova equipe ficam por conta da nomeação de George Hilton para o Esporte e Kátia Abreu para a Agricultura. “O primeiro, um desconhecido, representante da bancada evangélica, que já foi expulso de seu partido anterior em episódio de corrupção não esclarecido. Já Kátia Abreu é alguém que agrega muito pouco e tem ódio dos trabalhadores rurais sem terra e da causa indígena.” Ele prevê que será breve a passagem de Kátia pelo ministério.

Vannuchi tem dúvidas ainda sobre a permanência de Manoel Dias no Ministério do Trabalho e Emprego: “É a perda de oportunidade de colocar alguém mais vinculado à luta dos trabalhadores.”

Na economia, para o analista, a peça-chave é Joaquim Levy, novo ministro da Fazenda.”Uma tentativa, por parte da presidenta Dilma, de declarar trégua ao mercado, na medida em que o mesmo ocupava importante posto em instituição privada do setor bancário. O mercado, sim, é confessadamente inimigo dela”, provoca o comentarista.

O analista político ainda cita nomes que julga de grande relevância no novo ministério. Aloizio Mercadante, ministro-chefe da Casa Civil, seria a pessoa mais talhada para o cargo de coordenador político do ministério. Sobre Jaques Wagner na pasta da Defesa, comentou: “Ele conhece o que é a luta contra a ditadura e a importância de se levar adiante o trabalho da Comissão Nacional da Verdade”.

Pelo seu compromisso com a democratização da mídia, Vannuchi avalia como acertada a indicação de Ricardo Berzoini no Ministério das Comunicações: “Queria rádios como a Rádio Brasil Atual e TVs como a TVT se multiplicando país afora”.

“Cid Gomes, ministro da Educação, trouxe uma importante experiência estadual na área,  e a quem Dilma deve muita gratidão por não ter permitido uma unidade do PSB em torno da candidatura Eduardo Campos”, destacou o comentarista.

“Mesmo Gilberto Kassab, uma figura que a esquerda petista lamenta muito fazer parte do governo, é uma figura que tem muito mais força de articulação para garantir votos da base aliada do que tinha seus antecessores”, avalia.

Vannuchi ainda classifica como acertadas as nomeações de Mauro Vieira para as Relações Exteriores, Carlos Gabas na Previdência Social, Miguel Rossetto na Secretaria-Geral da Presidência, Pepe Vargas nas Relações Institucionais e Patrus Ananias no Desenvolvimento Agrário.