Vannuchi: oposição quer provocar alta na inflação para afetar Dilma

Para colunista da Rádio Brasil Atual, mesmo se José Serra (PSDB) entrar na sigla de fusão do PPS com o PMN, suas chances de eleição em 2014 são mínimas

Aécio Neves tem sido o porta-voz do discurso de que Dilma e o governo são lenientes com a inflação (Foto: arquivo Agência Senado)

São Paulo – O ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos do governo Lula e comentarista político Paulo Vannuchi disse hoje (15) à Rádio Brasil Atual que o discurso adotado pela oposição sobre o risco de inflação e a ausência de políticas mais eficazes de controle inflacionários por parte do governo federal tem o objetivo de “encadear uma remarcação generalizada de preços, que derrube a economia, jogue o crescimento econômico lá para baixo e provoque o desemprego”.

Segundo Vannuchi, essa estratégia seria uma tentativa da oposição de ter “alguma chance eleitoral diante da enorme popularidade de Dilma”. Na semana passada, em seminário organizado pelo PPS, o senador Aécio Neves (PSDB), provável candidato à presidência da República, afirmou que o governo federal não estaria usando “todos os instrumentos” disponíveis para controlar a inflação. Ele ainda disse considerar que existe uma “leniência” do Executivo no controle inflacionário, ressaltando que a inflação de alimentos para as pessoas que recebem até 2,5 salários mínimos já ultrapassou os 14%.

Também na semana passada, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo tem cumprido metas para o IPCA nos últimos anos, e que, na atual gestão, o controle da inflação tem tanta importância quanto a solidez fiscal. O ministro ressaltou a possibilidade do governo adotar medidas impopulares para conter a inflação, como o ajuste na taxa de juros.

Mantega lembrou que ano passado houve valorização do real, o que agravou a inflação, com ajuste posterior da moeda norte-americana, e afirmou que a alta de preços atual é passageira. “Se o câmbio não sofrer novas quedas, não afetará a inflação.”

Para Vannuchi, o PSDB, ao disputar por mais espaços, “trabalha para que a situação brasileira piore”. “O discurso da inflação se aproveita dessa situação temporária, chamada outonal, e será politizado e transformado em argumento político”, disse.

O ex-ministro também chamou atenção para a possibilidade de o ex-governador paulista José Serra (PSDB) ser candidato à Presidência da República pela partido de fusão entre o PPS e o PMN.

A fusão entre o PPS e o PMN deve ser oficializada nesta semana. O nome mais cotado para o novo partido é Mobilização Democrática (MD), e o comando da sigla deve ficar com o atual presidente do PPS, o deputado federal Roberto Freire (SP). Serra ainda não respondeu ao convite de Freire para integrar a sigla. Apesar da possibilidade de concorrer à presidência em 2016, o pleito pelo governo de São Paulo está fora de questão, já que o PPS já tem aliança com o atual governador Geraldo Alckmin (PSDB).

“A sigla (PPS) trabalha a fusão com o minúsculo PMN. Se nascer, o partido pode provocar debandada de figuras que foram para o PSD de Kassab.” Mesmo com as novas possibilidades de caminhos políticos, Serra não tem futuro no poder público, avalia Vannuchi. “Não que um candidato do PPS ou do PMN tenham chance, muito menos Serra, que tem perfil de desagregador e mais radical”, opinou.