tumultuado

Com mais de duas horas de sessão, julgamento do impeachment ainda não foi iniciado

Sessão começado branda, mas clima de cordialidade durou pouco. Gleisi diz que 'senadores não têm moral para julgar Dilma Rousseff' e o tempo esquenta

midia ninja / CC

Senadores Lindbergh Farias e Vanessa Graziotin, na abertura da sessão do Senado que abre julgamento do processo de impeachment da presidenta afastada, Dilma Rousseff

Brasília – Esquentou de vez o tempo no plenário do Senado Federal, quase duas horas depois do início da sessão que marca o começo do julgamento do impeachment. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ao responder sobre críticas do colega Magno Malta (PR-ES) que lembrou o vazamento de conversas gravadas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falando sobre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), questionou: “qual é o senador que tem condições morais de participar desse julgamento aqui?” A fala da senadora fez com que se levantasse da cadeira o líder do governo na Casa, Aloysio Nunes (PSDB-SP), em tom enfurecido. E levou a gritos de “nos respeite”, por parte do líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO).

Diante da confusão, o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, que conduz a sessão, cancelou os trabalhos por cinco minutos e, logo depois, vários parlamentares pediram para os ânimos serem amenizados. Embora a sessão tenha começado de forma branda, com sorrisos dos senadores, o clima de cordialidade durou menos de uma hora.

O ministro Lewandowski, que iniciou a sessão dizendo estar “orgulhoso de participar desse momento histórico para o país” e lembrou que, “a partir de hoje, os senadores passam a atuar como juízes desse processo”, teve de mudar o tom. Por várias vezes, Lewandowski lembrou aos parlamentares que, embora juízes, eles estão agindo como senadores e por isso, pediu “prudência e cautela na hora dos pronunciamentos”. Em um momento mais exacerbado, Lewandowski, que é conhecido pelo perfil calmo e ponderado, chegou a dizer, diante das discussões que, “quem está conduzindo a sessão aqui sou eu”.

Do ponto de vista técnico, já passava do meio-dia e a sessão que vai decidir o destino da presidenta Dilma Rousseff no cargo ainda não havia começado. Desde o início dos trabalhos,  questões de ordem e pedidos de palavra por parte dos senadores emperraram o andamento dos trabalhos.

Todos os pedidos fora indeferidos até agora: cancelamento da sessão, pelo fato de terem sido observados empecilhos à ampla defesa pela presidenta; retirada da citação na denúncia ao Plano de Safra – que não foi considerado uma prática de pedalada fiscal por parte de peritos designados pelo Senado para apreciar o processo –; e até a suspeição do relator do processo. Todos itens que já tinham sido solicitados anteriormente.

Direito

Os senadores contrários ao impeachment argumentaram que estão repetindo tais pedidos como questões de ordem porque este é um direito que lhes cabe e que estão discutindo agora os mesmos itens, dentro de uma questão de mérito e não política, propriamente, como fizeram anteriormente.

Mas os senadores pró-impeachment levaram a uma outra discussão, acusando os colegas que apoiam a presidenta Dilma de tentarem “fazer chicana” para protelar ao máximo a sessão. “Peço que nos respeitem. Todos têm acompanhado este processo e sabem que estamos atuando da forma mais correta possível enquanto defesa da presidenta, respeitando todas as partes”, rebateu o advogado de defesa, José Eduardo Cardozo.

“A senadora Gleisi avançou o sinal dizendo que nós senadores não temos moral para julgar a presidenta. A senadora não pode dizer isso. Sugiro que acabemos com essa parte de discussões e passemos para a apreciação do processo. Esta Casa tem competência para tocar o processo sim e não admitimos que a conduta de alguns senadores seja generalizada desta forma”, reclamou o senador Lasier Martins (PDT-RS).

Lindbergh Farias foi outro que também insuflou os ânimos ao repetir que gostaria de lembrar à sociedade que está acompanhando a sessão que afastar a presidenta Dilma Rousseff “será o mesmo que blindar o presidente interino Michel Temer”.

“Todos sabem que a pressa do governo provisório de concluir este julgamento do impeachment é evitar que surjam novas delações envolvendo o senhor Michel Temer. Ele é citado em várias denúncias e, inclusive, sabemos que as articulações que estão sendo feitas na Câmara para livrar o deputado Eduardo Cunha da cassação é porque se sabe que se Cunha abrir a boca, Temer cai”, acusou.

Lindbergh Farias também discutiu com Ronaldo Caiado. Ao defender Gleisi Hoffman, Lindbergh chamou Caiado de “canalha”. Caiado se levantou respondendo “abaixe esse dedo para mim”. Temendo trocas de tapas entre os dois, os colegas partiram para apartá-los.

Em breve mais informações

Leia também

Últimas notícias