Renan discute com Gleisi, incendeia debates e trabalhos são suspensos
Ministro Ricardo Lewandowski resolveu antecipar horário de almoço em uma hora e disse que se clima tenso continuar, terá de fazer uso de seguranças para conter ânimos mais acirrados entre os senadores
Publicado 26/08/2016 - 11h52
Gleisi afirmou ontem (25) que ‘nenhum senador tinha moral para julgar o impeachment’; Renan se incomodou
Brasília – O ministro Ricardo Lewandowski resolveu antecipar o período de almoço por uma hora para que os senadores retornem aos trabalhos de forma mais calma, às 13h. Uma discussão acalorada entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) acirrou o clima de tensão.
Renan saiu da mesa diretora, desceu ao local onde estavam os senadores para falar ao microfone, após a sessão ter sido suspensa pela primeira vez. Pediu calma aos colegas e disse que, como representante do Senado, gostaria de pedir desculpas. “Desculpas ao ministro Lewandowski, desculpas aos senadores que estão aqui e desculpas à sociedade pela lamentável forma como está sendo realizada esta sessão”.
O presidente do Senado resolveu se dirigir diretamente a Gleisi. Ressaltou que ela tinha cometido um ato gravíssimo ao ter dito, ontem, que “nenhum senador tinha moral para votar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff”.
“A senhora chegou ao cumulo de dizer isso. Como uma senadora afirma isso, quando há 30 dias o presidente do Senado conseguiu no STF desfazer o seu indiciamento e do seu esposo?”, acusou Renan , numa referência à prisão do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, preso e depois liberado, envolvido numa das últimas etapas da operação lava jato – a operação Custo Brasil.
Gleisi disse que isso não era verdade. Os petistas partiram para a defesa da senadora. E Renan, ao ser criticado pelos colegas, acrescentou: “Não quero tocar fogo, mas quero dizer que isso não pode acontecer aqui”.
Renan já tinha se demonstrado incomodado com a fala da senadora. E avisado aos parlamentares de quem é mais próximo que, se fosse necessário, desceria da mesa diretora para se manifestar. Mas não se esperava uma posição tão forte por parte do presidente da Casa em relação à questão.
A sessão foi suspensa pela primeira vez porque Lindberh Farias (PT-RJ), que tem tido embates duros com o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), pediu ao ministro Lewandowski para tomar providências em relação ao desrespeito que tem sido observado no plenário da Casa. Lindbergh chamou a atenção para conduta de Caiado, a quem chamou de “desqualificado” por ter dado a entender que a senadora Gleisi Hoffmann estava querendo aliciar testemunhas de defesa.
Gleisi chegou a sentar, demonstrando nervosismo, e foi apoiada por colegas. Renan Calheiros também demonstrou nervosismo. Ele deu a entender que iria se manifestar para dar um tom apaziguador, mas não se controlou e, ao fazer as críticas a Gleisi, terminou sendo puxado pelos colegas a ele ligados para evitar novas discussões com outros senadores.