Sindicalista pede CPI da mídia para discutir comunicação no país

Secretária de Comunicação da CUT questiona posição de empresas de mídia que se recusam a discutir concessões e participação social na definição de políticas para o setor, mas atacam movimentos sociais e pautam CPIs

A secretária de Comunicação da CUT Rosane Bertotti defende, em artigo, a criação de uma Comissão Parlamenter de Inquérito (CPI) para investigar os “latifúdios de comunicação”, referência aos conglomerados de mídia no país. No texto, ela questiona o fato de as empresas se recusarem a participar da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), programada para 14 a 17 de dezembro deste ano.

Parte das associações de empresários do setor se retirou da comissão organizadora da Confecom e não enviaram representantes para serem eleitos delegados em algumas etapas estaduais.

Em entrevista à Rede Brasil Atual, Rosane Bertotti explica que o artigo pretende mais mostrar que a mesma mídia que questiona e coloca em pauta CPIs contra movimentos sociais e centrais sindicais não aceita discutir a si própria. “(A mídia) não quer discutir nada que tenha relação com ela, como se estivesse fora de todo o processo, como se não tivesse problema algum e pudesse desqualificar a todos”, explica.

Ela reconhece, porém, não haver uma evidência de irregularidade que permitisse que uma comissão dessa natureza fosse formada no Congresso. “Comparar com uma CPI tem esse sentido de questionar por que a mídia não aceita discutir a si mesma”, reitera.

Em 2007, o então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), encampou uma disputa com a editora Abril, que publica a revista Veja, que, no período, assumia a linha de frente na publicação de denúncias contra o parlamentar. Assinaturas para uma CPI que investigaria a venda da operadora de TV a cabo TVA para o grupo Telefônica.

Durante a disputa entre as redes Globo e Record de televisão, desferida neste ano quando ambas se digladiaram com trocas de acusações, diversos blogueiros pediram a criação de uma CPI da Mídia para investigar as denúncias.

Antes, em 2005, a Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) propôs que se investigasse o papel da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) na repressão às emissoras comunitárias.

Em 1966, o Congresso brasileiro investigou, em uma CPI, as relações entre as organizações Globo e empresas estrangeiras dirigentes das revistas Time e Life.