Show de Chico e Caetano em apoio a Marcelo Freixo vira polêmica no Rio

Juntos no palanque de Lula, em 1989, Chico e Caetano tomaram caminhos diferentes nas duas últimas décadas. Até agora (Foto: Juan Esteves. Arquivo Folhapress) Rio de Janeiro – Momento histórico […]

Juntos no palanque de Lula, em 1989, Chico e Caetano tomaram caminhos diferentes nas duas últimas décadas. Até agora (Foto: Juan Esteves. Arquivo Folhapress)

Rio de Janeiro – Momento histórico da MPB ou crime eleitoral? Uma inusitada polêmica que envolve dois dos maiores nomes de nossa música agita as eleições municipais no Rio de Janeiro. Tudo começou quando a produtora Paula Lavigne anunciou na semana passada a realização de um show conduzido por seu ex-marido, Caetano Veloso, em apoio ao candidato do PSOL à prefeitura, Marcelo Freixo.

O show, programado para 11 de setembro no Teatro Oi Casa Grande, terá a participação de outros artistas convidados, com destaque para Chico Buarque. Será a primeira vez em 16 anos que Chico e Caetano dividirão um palco – a última foi em 1996, durante especial a Tom Jobim, e antes disso foram realizadas as gravações do programa Chico & Caetano na TV Globo. Mas o evento ainda corre o risco de ter sua realização impedida pela Justiça Eleitoral.

O objetivo do show é arrecadar fundos para a campanha de Freixo, mas alguns adversários já prometem entrar com uma representação contestatória junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) se o evento for realizado. Advogados do PMDB, partido do atual prefeito Eduardo Paes, que concorre à reeleição, afirmaram que a apresentação artística conduzida por Caetano caracterizaria a realização de um showmício, que é proibido pela legislação eleitoral. Interpretação idêntica foi feita pelo procurador Maurício da Rocha Ribeiro, do Ministério Público Eleitoral.

Apesar do risco de punição ao candidato do PSOL, o show, prometem os organizadores, não deixará de ser feito. A direção do partido garante não estar envolvida diretamente na organização do evento, e orienta os militantes a não levarem bandeiras ou cartazes com o rosto e o nome de Freixo: “O show não é para pedir votos, é para arrecadar fundos para a campanha”, diz o candidato.

Até mesmo a intenção de arrecadar fundos, no entanto, foi criticada pelos adversários e até por jornais da grande imprensa. O salgado preço do ingresso – R$ 360 ou R$ 180 para meia-entrada) – foi motivo de piadas na internet, com pessoas ligadas aos outros partidos postando mensagens nas quais perguntavam, entre outras coisas, se Freixo aceitava a doação de um rim em troca do ingresso.

Paula Lavigne concorda que os ingressos – todos já foram vendidos – não são baratos, mas ressalta que pelo menos dois terços foram vendidos a preço de meia-entrada: “Na verdade, poderíamos ter vendido os ingressos a R$ 400”, afirmou a repórteres. A expectativa da produtora é arrecadar cerca de R$ 100 mil para a campanha, mesmo valor que Freixo já declarou ter arrecadado até agora.

Provocado por jornalistas, Freixo não escondeu sua irritação com a polêmica: “O valor do ingresso é alto porque não recebemos dinheiro de empreiteiras nem de empresas de ônibus”, disse. O candidato do PSOL prefere citar “a importância artística e histórica” do show: “É a primeira vez que Chico e Caetano fazem campanha para o mesmo candidato e é a primeira vez que dividirão o mesmo palco em mais de duas décadas. Mas vocês estão preocupados com o preço dos ingressos”, disse. Na realidade, Chico e Caetano subiram no palco para Lula em 1989, como atesta a foto acima.

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