Serra volta a criticar juro e se diz de esquerda

Para ele, Lula está acima do bem e do mal. O pré-candidato tucano pede a jornalistas que não o comparem ao presidente

“Se você acha a taxa de juros muito alta, você é considerado de esquerda”, disse o pré-candidato Serra em entrevista a uma rádio no Recife (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Recife – O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, definiu-se como um político de esquerda por posicionar-se contra o patamar da taxa de juros.

Em entrevista a uma rádio do Recife, ele ressaltou que a definição de direita-esquerda no Brasil, hoje, é difícil.

“A definição de esquerda e direita, no mundo de hoje, é mais difícil de enquadrar. Do ponto de vista convencional eu sou um homem de esquerda, eu acho que isso diz tudo. Você dá ênfase na indústria, no emprego, na agricultura, de repente você é considerado de esquerda”, disse Serra.

“Se você acha a taxa de juros muito alta, você é considerado de esquerda. E tem gente que rapidamente passa a defender juro alto e se diz de esquerda”, afirmou.

Serra vem batendo na taxa de juros e chegou a dizer esta semana que o Banco Central, responsável pela definição da taxa, não é a Santa Sé, questionando a autonomia informal da instituição.

Na quarta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é considerado de esquerda por setores da sociedade, afirmou que o juro pode voltar a subir, se necessário, mesmo durante o período eleitoral.

O tucano, entretanto, manteve a postura de evitar críticas ao presidente Lula. Serra disse que a máquina pública está sendo loteada de forma “exacerbada”, mas apressou-se em eximir o presidente de responsabilidade.

“O Lula às vezes tem a posição correta, mas não consegue acionar a solução, não é culpa dele, é o sistema que está aí”.

O tucano pediu que os jornalistas presentes à entrevista evitassem comparações entre ele e o presidente. “O Lula está acima do bem e do mal. Não me compare a ele”, disparou.

Não me compare a Lula

Ainda na entrevista, Serra pediu que os jornalistas não fizessem comparações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O Lula está acima do bem e do mal. Não me compare a ele”, pediu.

Mesmo quando acusou a máquina pública de ter sido loteada de forma “exacerbada” pelo atual governo, apressou-se em eximir o presidente de responsabilidade. “O Lula às vezes tem a posição correta, mas não consegue acionar a solução, não é culpa dele, é o sistema que está aí”.

Com alto nível de popularidade, na casa dos 70%, Lula, que é pernambucano, pretende transferir sua estima à pré-candidata Dilma Rousseff (PT). De seu lado, Serra quer debater com Dilma, esquivando-se de um embate com o presidente.

Serra admitiu ter divergências com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) mas classificou o correligionário como “um amigo”. “Ele é uma espécie de amigo velho. Ele é uma pessoa que eu tenho relação de amizade. A Ruth Cardoso (mulher do ex-presidente morta em 2008) eu tinha até mais. A gente tinha diferença às vezes por questões de governo”.

O tucano disse que não pretende esconder o apoio do ex-presidente. “Fernando Henrique estará no meu palanque”, concluiu. Depois de conceder entrevista ao programa de rádio e a uma emissora de TV, Serra almoçou com parlamentares de Pernambuco, entre eles Jarbas Vasconcelos (PMDB), pré-candidato ao governo do Estado que apoia o tucano.

Fonte: Reuters

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