FHC diz que aceitaria ser conselheiro informal em governo Serra

O ex-presidente da República fez duros ataques ao PT e a Lula, comparando-o ao ditador italiano Benito Mussolini

Em bate-papo com transmissão ao vivo, o ex-presidente falou sobre as realizações de seu governo e exaltou Serra (Foto: Reprodução)

São Paulo – Com duros ataques a Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso respondeu nesta terça-feira (15) às perguntas de militantes do PSDB. Apesar de descartar qualquer possibilidade de concorrer a um cargo eleitoral, ele não descartou a possibilidade de atuar como conselheiro informal em um eventual governo de José Serra (PSDB). As declarações foram dadas em entrevista ao vivo transmitida pela internet pelo site mobilização do PSDB.

“Nos conhecemos há 30 anos. O Serra tem uma forte relação comigo, certamente nos ouviremos reciprocamente”, avaliou. O ex-presidente, que preside um instituto que leva seu nome (iFHC), nega que tenha vontade em disputar mais cargos na política. “Parafraseando um amigo, digo que ex-presidentes são como ornamentos chineses que têm título, mas não se sabe o que fazer com eles”, comparou.

“O político deve ser sincero, ou pelo menos um bom ator” – Fernando Henrique Cardoso

A maior parte da entrevista, porém, foi dedicada a duras críticas ao PT e à atuação de Lula na campanha. “Eu vejo um presidente que se tornou militante, chefe de facção. Uma coisa é disputar uma eleição e outra coisa é querer massacrar o outro lado. Extrapola o limite democrático”, condenou.

Fernando Henrique chegou a comparar o atual presidente a Benito Mussolini, líder do fascismo italiano durante a Segunda Guerra Mundial. A comparação foi resposta a indagação sobre a declaração de Lula em comício em Santa Catarina, na noite de segunda-feira (13). O DEM considerou o desejo de “extirpar” a legenda aliada dos tucanos na corrida ao Palácio do Planalto como uma manifestação de autoritarismo.

Freud explica

“O presidente quer ser autoritário, está fazendo abuso do poder político. Quando o presidente fala, ele envolve automaticamente o prestigio da instituição federal. Está agindo como Mussolini, ditador que faltou alguém que freasse.”

Em relação à comparação entre os dois governos feita em campanha, FHC ironizou. “(Lula) não superou derrota em duas eleições”, alfinetou. “É algo freudiano, ele ainda não superou. Reprisa as coisas que eu fiz e distorce os dados. O PT é mesquinho por tentar denegrir meu governo”, afirmou.

Por outro lado, Fernando Henrique exaltou as duas vezes em que José Serra foi ministro em seu governo, de Planejamento e de Saúde, classificando o candidato como “excelente” e “capaz de impulsionar obras importantes”, além de priorizar os seus feitos com os genéricos e distribuição de recursos da rede hospitalar.

Sobre o desempenho das pesquisas e preocupação com as eleições de 3 de outubro, FHC pediu para que os internautas “tenham fé”. “Acreditem, convençam os outros. Ninguém ganha de repente e sim constrói aos poucos a vitória tentando reforçar e mudar a opinião dos outros. Agora é hora de buscar o voto.”

Tentando discorrer sobre o discurso inflamado que o presidente Lula tem adotado nas últimas semanas, FHC classificou o tipo de fala como “arengador”, desqualificando a investida.

Questionado sobre sua posição a respeito dos candidatos, disse: “Serra é um professor, que fala de maneira didática. Não posso falar da Dilma porque ela só começou agora e nem estilo deve ter ainda. O político deve ser sincero, ou pelo menos um bom ator”, completou.

Quebra de sigilo

Fernando Henrique Cardoso fez uma crítica velada à condução da campanha de Serra ao demonstrar aversão ao uso do termo “quebra de sigilo”. Ele considera que nem todos os eleitores entenderiam o que significa. Em vez disso, ele diz preferir uma formulação mais direta: “se ele (cidadão) gostaria de ter sua carteira revirada e seus dados de renda expostos por terceiros”.

Ao apontar o distanciamento da campanha, o ex-presidente repete as queixas à condução da campanha. No fim de semana, em entrevista à IstoÉ, ele afirmou que os marqueteiros do tucano haviam distanciado o candidato da realidade.

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