50 anos depois

Repúdio ao fascismo e apelos golpistas se contrapõem em dia de marchas

Em dia de celebração, por saudosos da ditadura, da Marcha da Família que queria derrubar Jango em 1964, juventude antifascista também marca presença nas ruas contra o retrocesso

Marcha da Família 1 <span></span>Numa única cena: volta da monarquia, do Comando de Caça aos Comunistas e repúdio à Comissão da Verdade <span>(Lucas Duarte de Souza/RBA)</span>Manifestantes da marcha família brincam com a dor alheia e com crimes contra a humanidade sem constrangimento <span>(Lucas Duarte de Souza/RBA)</span>Faixa 'insinua' que Marco Civil da Internet afeta liberdade; e para não perder a viagem convoca militares <span>(Lucas Duarte de Souza/RBA)</span>O recado da marcha antifascista tinha endereço definido <span>(Rodolfo Wrolli)</span>Enquanto marcha da família se reunia na Praça da República, seu contraponto se concentrava na Sé <span>(Rodolfo Wrolli)</span>Os manifestantes anti-golpe caminharam em maior número da Sé até a Luz <span>(Rodolfo Wrolli)</span>Bandeiras vermelhas, sem estresse, diante do antigo Dops <span>(Rodolfo Wrolli)</span>

São Paulo – Cerca de 1.500 pessoas, entre comunistas e socialistas, anarquistas, black blocs, ativistas sem rótulo e até anticomunistas (mas, democratas, fascistas não!) marcharam na tarde de hoje em repúdio ao fascismo, ao golpismo, ao autoritarismo e à ditadura. A marcha antifascista foi um contraponto aos 50 anos da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que em 19 de março de 1964 punha a classe média alta paulistana em pé de guerra com o governo de João Goulart. Gritos de “não vai ter Copa” foram ouvidos, mas acabaram abafados pelo foco no repúdio às provocações golpistas que proliferam nas redes sociais nas últimas semanas.

Os manifestantes se reuniram da Praça da Sé por volta das 15h e caminharam pelo centro velho até a região da Luz, onde concluíram o ato diante do Memorial da Resistência, que foi sede do antigo Dops, um dos centros de repressão e violência do regime militar. A ação convocada pelas redes sociais se contrapunha também a outra marcha, que pretendia homenagear o movimento golpista de 1964, pedindo a volta dos militares, fora Dilma, fora PT, volta da monarquia, do Comando de Caça aos Corruptos (a mesma sigla CCC, voltada na ditadura aos comunistas), entre outras bandeiras extremistas.

Eram dois atos, ambos na região central de São Paulo. Um saiu da praça da República em direção à praça da Sé, pediu intervenção militar. O outro se dirigiu até a região da Luz, onde fica o Memorial da Resistência. Também foram realizadas “marchas” em outras cidades.

Por trajetos distintos, a Marcha da Família versão 2014 reuniu cerca de 500 pessoas, algumas aparentando ter participado da edição original. Noves fora algumas provocações de ambos os lados na marcha alheia, acompanhadas por alguma tensão, cenas de agressão e intervenções policiais, no fim tudo acabou bem. Aos 50 anos, sem representatividade contemporânea e sem prognósticos de reedição, a Marcha de 19 de março de 1964 pode ter passado na tarde deste sábado por um enterro simbólico.

Colaborou Rodolfo Wrolli

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