CPMI sobre Cachoeira deve ser definida na próxima semana

Em nota, presidente do PT nega pressão pela renúncia de Agnelo

São Paulo – Os partidos já se mobilizam para indicar os respectivos nomes para a comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) no Congresso incumbida de investigar as relações entre políticos e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Ao todo, 16 senadores e 16 deputados integrarão o colegiado, que deve ser presidido por representante do PMDB e terá como relator um parlamentar do PT. Após a coleta de assinaturas, a criação da CPMI deve ser protocolada na terça (17) e lida em plenário na quarta (18), facilitando a abertura rápida dos trabalhos. 

O PTB no Senado anunciou que será representado pelo ex-presidente da República, Fernando Collor (PTB-AL). A outra vaga, do bloco União e Força, formado por PTB, PR e PSC, será do senador Vicentinho Alves (PR-TO).

O bloco de apoio ao governo no Senado – formado por PT, PDT, PSB, PCdoB e PRB – terá direito a cinco vagas, uma delas do PDT. O líder do partido, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), anunciou que a vaga será ocupada pelo senador Pedro Taques (PDT-MT). Os outros partidos que formam o bloco ainda não divulgaram suas escolhas. O líder do PT, o senador Walter Pinheiro (PT-BA), anunciou que fará uma reunião na próxima terça-feira (17) para tratar do assunto. O PMDB poderá indicar cinco vagas de titular no Senado e duas na Câmara.

O PSDB, que terá direito à indicação de dois titulares e dois suplentes na comissão, já definiu que o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) será um dos titulares. 

PT nega pressão

O presidente do PT, Rui Falcão, emitiu nota na noite de ontem (13) negando que o partido pressione o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, a renunciar ao cargo, como chegou a ser divulgado por jornais da mídia tradicional.

Em um curto comunicado, Falcão ressalta a “total confiança” em Agnelo, que, segundo notícias divulgadas nos últimos dias, teria intercedido em favor da renovação automática de contratos entre o governo distrital e a construtora Delta, acusada de ligação com o contraventor Carlinhos Cachoeira.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros integrantes do alto escalão do PT querem garantir a abertura da CPMI mesmo que as apurações atinjam Agnelo. Em entrevista ao diário, o governador afirmou que há interesses de colocar os petistas nas denúncias deflagradas pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. “Até agora não tem acusação sobre a minha pessoa. Não vou para fazer palanque para gente que está atolada com esse tipo de coisa, como DEM e PSDB”, disse. 

O primeiro nome de vulto atingido pelas denúncias foi o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), flagrado em escutas da Polícia Federal colocando o mandato a serviço de lobby pela legalização dos jogos de azar, principal atividade da quadrilha de Cachoeira. Além disso, o parlamentar recebeu presentes pessoais, o que é vedado a políticos.

Depois dele, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), teve funcionários próximos envolvidos nas acusações. Segundo a revista Carta Capital, o governo estadual contratou em fevereiro deste ano uma empresa acusada de servir à lavagem de dinheiro do grupo de Cachoeira.

Com informações da Agência Brasil.