Prefeitura recua e libera fretados na Berrini

Secretário de Transportes apresenta o mesmo argumento sobre o qual foi alertado durante semanas: a região não tem metrô

A prefeitura de São Paulo anunciou nesta terça-feira (28), segundo dia de restrição à circulação de fretados, a liberação dos veículos desse tipo na avenida Luís Carlos Berrini já a partir de quarta (29). Agora, os ônibus de transporte privado podem não só voltar a circular pela via, como parar em três pontos de cada lado – além de um adicional na avenida Chucri Zaidan.

Antes da implantação da medida, esse era exatamente um dos eixos da discórdia entre usuários e empresas, de um lado, e a administração municipal, do outro. O argumento apresentado pelo secretário de Transportes, Alexandre de Moraes, é exatamente aquele apontado por usuários entrevistados pela Rede Brasil Atual: o lugar não tem acesso a estações de metrô.Ele apontou que os pontos Cidade Jardim e Berrini de trem ficaram sobrecarregados pela medida, mas evitou o tom de culpa.

“Você faz o planejamento macro e vai acompanhando o desenvolver do trânsito. E então há necessidade de aperfeiçoamento. Pode ser que mais para a frente haja um acomodamento mesmo no caso da Berrini e não precise de três pontos”, afirma.

Trata-se do segundo recuo desde que se anunciou a contestada medida, no fim de junho. Antes disso, já havia sido liberada a viagem ponto a ponto, aquela em que não há parada pelos caminhos.

A prefeitura criou ainda uma nova parada na avenida dos Bandeirantes para que os dois sentidos sejam atendidos, ou seja, os veículos não serão obrigados a fazer um retorno que, além de levar tempo, provoca trânsito.

Questionado pela reportagem se poderia recuar para a restrição apenas em grandes corredores, como Paulista, 23 de Maio, Berrini e Faria Lima, Moraes afastou a possibilidade: “aperfeiçoar é o ajuste fino. A área de restrição é essa. A gente faz um ajuste fino prevendo a demanda no trânsito”.

Sobre as manifestações de usuários, o secretário considera que os movimentos têm sido incitados por empresários temerosos de perder rendimentos. Para ele, trata-se de “um pequeno número de arruaceiros que colocam seus interesses econômicos na frente dos interesses da sociedade”.

Nesta terça-feira, novos fechamentos de ruas foram registrados pela manhã e no fim da tarde por usuários revoltados pelas medidas que têm impacto no bolso e também no bem-estar dos passageiros.

A prefeitura ainda não se manifestou sobre a determinação da Justiça para que apresente argumentos favoráveis à restrição. O pedido de liminar apresentado pelo Sindicato das Empresas de Transporte por Fretamento para Turismo de São Paulo e Região (Transfretur) deve ser respondido até esta quarta-feira. O secretário evitou críticas à ação da Transfretur, afirmando estar “absolutamente tranquilo porque não seria eu, que sou da área jurídica, que haveria de achar que alguém que se sinta lesado em seus direitos não possa se manifestar no Poder Judiciário”.

A Associação dos Executivos da Baixada Santista (AEBS) também está contestando as medidas da prefeitura na Justiça. A entidade impetrou mandado de segurança na 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo contra o secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes, na segunda-feira (27).