AP 470

Pizzolato deixa o Brasil e vai à Itália buscar justiça sobre mensalão

Ex-diretor do Banco do Brasil pretende aproveitar legislação do país para ser julgado sem pressão midiática ou motivações políticas

© Lula Marques/Folhapress

Henrique Pizzolato, ex-diretor do BB, refugiou-se na Itália, onde espera ser julgado por um tribunal isento

São Paulo – O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, um dos réus da Ação Penal 470, o chamado mensalão, está na Itália, de onde anunciou, no sábado (16), que pedirá um novo julgamento sobre sua participação no caso, desta vez por um tribunal italiano – ele tem dupla cidadania e a legislação daquele país lhe permite o direito.

Em nota, distribuída por seus familiares no Brasil, Pizzolato afirma que tentará “um novo julgamento na Itália, em um tribunal que não se submete às imposições da mídia” e que decidiu sair do país por considerar que o STF teve atuação políticas e partidárias, fortemente influenciada pela pressão da chamada grande imprensa.

Ele acredita que pode ser protegido pelo tratado de extradição entre Brasil e Itália, que afirma que não haverá o retorno forçado do cidadão ao país de origem se, “pelo fato pelo qual for solicitada, a pessoa reclamada tiver sido ou vier a ser submetida a um procedimento que não assegure os direitos mínimos de defesa”.

“Por não vislumbrar a minha chance de ter um julgamento afastado de motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi consciente e voluntariamente, fazer valer meu legítimo direito de liberdade para ter um novo julgamento, na Itália, em um tribunal que não se submete às imposições da mídia empresarial, como está consagrado no tratado de extradição Brasil e Itália.”

A condenação de Pizzolato no caso mensalão é fortemente contestada por vários do Judiciário. Ele foi sentenciado pela acusação de ter desviado 73 milhões de reais do Banco do Brasil, mas uma auditoria da própria instituição demonstrou que esses recursos não saíram dos cofres públicos, mas que pertenciam a uma empresa privada, a Visanet.

O ex-diretor também foi acusado de embolsar 326 mil reais do esquema de Marcos Valério. Ele alega, porém, que entregou o dinheiro ao PT – que por sua vez afirma que o usou para fazer caixa 2 de campanha – e a acusação jamais provou o contrário. De resto, a própria ação penal é fortemente contestada.

Único do Banco do Brasil a ser acusado de repassar recursos para Marcos Valério, Pizzolato demonstrou que não era o primeiro nem o mais graduado dirigente do banco envolvido na operação. Por fim, como os demais condenados da ação penal, ele também alega que não teve direito a um segundo grau de jurisdição, embora não tivesse mandato político.

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