Cerco se fechando

PF intima Carla Zambelli e Mauro Cid teria feito uma confissão em depoimento

Nesta segunda-feira, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro depôs durante dez horas à Polícia Federal e teria resolvido colaborar nas investigações

Lula Marques/ EBC
Lula Marques/ EBC
Chama a atenção que Carla Zambelli falará à Polícia Federal depois do depoimento do chamado hacker da Vaza Jato

São Paulo – A Polícia Federal (PF) intimou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a depor no inquérito que investiga os relatos do hacker Walter Delgatti. Ele afirma que a parlamentar o levou ao Palácio da Alvorada para um encontro com o então presidente Jair Bolsonaro, além de ter pago por serviços relacionados a invasões do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Tudo para conspirar contra o sistema eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral.

O interrogatório da congressista deve ser entre 11 e 15 de setembro. Chama a atenção que Zambelli falará à corporação após o depoimento do hacker, que foi interrogado pela PF (em 18 de agosto) um dia depois de sua oitiva explosiva à CPMI dos atos golpistas (dia 17).

Naquela ocasião, Delgatti delarou à CPMI que Bolsonaro  lhe prometeu um indulto, caso ele conseguisse fraudar as urnas eletrônicas e colocasse em dúvida o resultado das eleições. Disse mais. Bolsonaro lhe teria prometido: “se algum juiz te prender, eu mando prender o juiz, e deu risada”, contou Delgatti à CPMI.

Conspiração teria envolvido militares

Ele também afirmou que foi cinco vezes ao Ministério da Defesa, para se reunir com militares e ajudá-los a construir um relatório sobre alegadas vulnerabilidades do sistema eleitoral, que seria depois entregue ao TSE. O hacker garante que recebeu comprovantes de transferências no valor de R$ 13.500 pelo serviço, feitas por assessores de Zambelli, e que outros R$ 26,5 mil foram pagos em espécie.

Em entrevista à GloboNews nesta segunda-feira (28), o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, deu novas informações. Segundo ele, Zambelli ajudou financeiramente o hacker quando ele teve um problema de saúde em fevereiro de 2023.

“O Walter indicou o hospital, a cidade, indicou quem o levou, e a Polícia Federal, com toda a certeza, está investigando para saber se Walter fala a verdade”, disse o advogado, segundo o qual “ainda é possível uma delação premiada” de seu cliente, também conhecido como “hacker de Araraquara”.

Leia mais: CPMI quebra sigilos de Zambelli e ouve ex-assessor de Bolsonaro que participou do 8 de janeiro

Mauro Cid está cedendo?

Nesta segunda (28), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, depôs durante 10 horas à Polícia Federal, e teria resolvido colaborar nas investigações sobre ações golpistas e o caso das joias sauditas envolvendo o ex-presidente.

Segundo divulgado no programa Conexão da GloboNews, na manhã de hoje, Cid teria feito uma confissão à PF considerada válida pelos agentes. A informação, do jornalista Cesar Tralli, poderia indicar que mais novidades estariam por ser reveladas, ou já teriam sido.

A analistas, parece muito significativo que a informação tenha surgido logo em seguida ao depoimento do ex-ajudante de ordens à PF que se estendeu por quase dez horas ontem. Seu advogado, que costuma ser falante, não conversou com a imprensa. Na última sexta-feira (25), Cid já havia ido depor à PF, onde ficou por cerca de seis horas.