Brasília – Com ataques às “mentiras” e ao “oportunismo” do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, o 5º Congresso Nacional do PT promoveu hoje (13), em Brasília, um ato de desagravo em defesa dos petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, condenados na Ação Penal 470 e presos ilegalmente há um mês.

O ato teve a participação de familiares dos condenados e dirigentes partidários. O irmão de Delúbio, o vereador de Goiânia (GO) Carlos Soares, primeiro a falar, questionou os parâmetros do julgamento.

“Delúbio lutou pela anistia em 1979, ajudou a construir o maior sindicato dos professores de Goiás, participou do PT desde a sua criação e está sendo condenado injustamente. Cadê o dinheiro público que foi desviado? Onde estão as provas que o acusaram?”

A filha de José Dirceu, Joana Saragoza, disse que o STF violou importantes garantias constitucionais para condenar os líderes do PT e que a prisão de Dirceu, Genoino e Delúbio, no feriado de 15 de Novembro, representou um dos capítulos mais sombrios da história do país nos últimos anos.

“Existe uma campanha para destruir a moral e o passado destes homens, mas me pergunto até quando isso vai durar, e nos conforta saber que contamos com o apoio dessa militância”, colocou.

Dois Brasis

O deputado paulista João Paulo Cunha – também condenado, mas que ainda agurada julgamento de recursos – afirmou que os historiadores verão, daqui a 40 ou 50 anos, quando forem estudar o que está acontecendo, dois Brasis diferentes.

“Verão as votações e disputas eleitorais e as vitórias do PT e também um Brasil forjado pela elite, com a história da ação penal. Ao mesmo tempo, perceberão que há um apoio da população aos programas do governo, aumento da popularidade da presidenta Dilma nas pesquisas e há a força da nossa militância”, enfatizou.

Cunha disse que o processo está “totalmente contaminado pela política”.

“Já perguntei e pergunto publicamente ao ministro Joaquim Barbosa que diga o que foi que eu desviei. Barbosa tinha que colocar no polo passivo da ação, também, empresas como a Rede Globo, Rede Record e vários veículos de comunicação que receberam recursos com verbas de publicidade mencionadas no suposto mensalão”, ressaltou.

O deputado disse que o mensalão virou um “produto de prateleira”, para ser utilizado pela oposição contra o PT em cada período eleitoral.

“A melhor forma de respondermos é ficar cada vez mais unidos e fazer uma campanha firme e intensa pela reeleição da presidenta Dilma. Nós suportaremos isso, mas a nossa força não é apenas a força da alma, é a força de saber que em cada cantinho do Brasil há um companheiro do PT levantando a nossa bandeira”, acentuou, em meio a aplausos.

Referências

Para o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), irmão de Genoino, o projeto do partido tem as referências deixadas por Dirceu, Delúbio e Genoino.

“Apesar de tudo o que estamos passando, não vamos tolerar ou ficar de cabeça baixa como se essas pessoas que estão presas não tivessem a ver com nossa história e nossas vidas. Nossa história é do tamanho da história desses três companheiros”, destacou, ao acrescentar que nunca viu algo tão solidário como os gestos que tem recebido por parte da militância país afora.

Raimundo Pereira, o primeiro jornalista a denunciar as falhas existentes na AP-470, por meio de um conjunto de 13 reportagens publicadas na revista Retrato do Brasil, e um dos últimos a falar durante o ato, disse que durante o julgamento foram observadas faltas em questões consideradas essenciais a qualquer processo.

“O ministro Joaquim Barbosa, se quiser, pode me chamar às vias de fato, mas afirmo que ele disse mentiras deslavadas. Ele é um oportunista, que fala para a mídia, não fala para o povo brasileiro”, acusou.

Ao final do evento, foi lançado o site www.milcartasparaoscompanheiros.com.br, pelo qual as pessoas poderão encaminhar mensagens para os condenados na AP-470.

Com informações da repórter Hylda Cavalcanti