entrevista

Palmério Dória conta bastidores do governo FHC ao Contraponto

Diretor da RBA destaca estilo 'saboroso' do livro do jornalista e riqueza de detalhes de como foram 'enganados' os brasileiros que acompanharam pela imprensa tradicional as manobras de seus governos

Contraponto/Seeb-SP/reprodução

O jornalista, durante participação no programa de webtv: compra de votos, privatarias e o papel da imprensa

São Paulo – Em entrevista na noite da segunda-feira (2) ao Contraponto – programa mensal realizado pela TV do Sindicato dos Bancários de São Paulo – o jornalista e escritor Palmério Dória, autor do recém lançado O Príncipe da Privataria comentou seu livro, cujo personagem principal é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) em sua passagem por dois mandatos na Presidência da República (de 1995 a 2002).

Destaque para o rumoroso caso da compra de votos parlamentares para a aprovação da emenda constitucional que permitiu a reeleição de FHC. “Havia uma fila de deputados para vender voto. Eles saíam com sacolas de dinheiro”, frisou Dória, no início de sua participação.

Participaram da o diretor da Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, os jornalistas Rodrigo Vianna (O Escrevinhador), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania) e Renata Mielli (Centro de Estudos Barão de Itararé), com mediação da presidenta do sindicato, Juvandia Moreira, .

No livro – que chega com tiragem inicial de 25 mil exemplares – Dória revela a identidade do “Senhor X”. Foi ele que gravou a confissão de diversos deputados de que haviam aceitado garantir a aprovação da emenda da reeleição em troca de dinheiro.

Os bastidores da ‘privataria tucana’, que entre outras empresas entregou ao capital privado o Banespa (Banco do Estado de São Paulo), a Vale do Rio Doce, o sistema Telebras  e por pouco não vendeu também a Petrobras e dos supostos projetos de venda da Caixa e do Banco do Brasil. “Venderam a Vale como se fosse uma fábrica de botões”, comentou o autor.

A história do verbo “henricar” e a blindagem da mídia

O diretor da RBA, Paulo Salvador, comentou na Rádio Brasil Atual a o livro do jornalista Palmério Dória. Salvador disse ter lido O Príncipe da Privataria ininterruptamente e o considerou uma obra rica em informação e “saborosa” forma como Palmério constrói a reportagem histórica. Ele destaca a origem da escalada política de Fernando Henrique Cardoso desde sua participação na criação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), fundado em 1969 por um grupo de intelectuais. No livro, o jornalista lembra que a principal fonte de financiamento da ONG era a Fundação Ford, que diferentemente dos dias atuais – como assinala Salvador – tinha influência direta, inclusive financeira, da agência norte-americana de inteligência (CIA).

Outro aspecto destacado pelo diretor da RBA é como o episódio de um filho que o ex-presidente teria tido com a jornalista da Rede Globo Miriam Dutra (o que não se comprovou recentemente por um exame de DNA feito a pedido dos filhos de FHC) é abordado com elegância, sem vulgarizar a vida privada de Fernando Henrique. Palmério mostra essencialmente como a mídia blindou o então candidato a presidente de ser incomodado em torno de uma questão de ordem moral, algo que a imprensa não “perdoa” quando convém a seus interesses.

A história das privatizações também é recontada. O jornalista cria o verbo “henricar” (com h mesmo), brincando com uma relação de pessoas ligadas ao PSDB beneficiadas por processos de vendas de estatais e outras manobras financeiras envolvendo bancos, empresas e entidades durante as gestões tucanas nos anos 1990 e início dos 2000. “O livro, enfim, reúne uma documentação importante para comprovar que quem acompanhou toda aquela processo de privatizações pela imprensa tradicional foi enganado”, observa Salvador.

Ouça aqui a íntegra de seu comentário à Rádio Brasil Atual.

O Contraponto é um programa transmitido pela webtv e vai ao ar, ao vivo, todas as primeiras segundas-feiras do mês, pelo site do Sindicato dos Bancários de São Paulo, da Rede Brasil Atual, da TVT e por blogues alternativos.

Assista a íntegra da entrevista de Palmério Dória ao Contraponto: