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Pacheco diz que Padilha é ‘competente’, após ataques de Lira

Alexandre Padilha foi chamado de “desafeto” e “incompetente” pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. Na sequência, presidente do Senado saiu em defesa do ministro responsável pela articulação do governo com o Congresso Nacional

Jonas Pereira/Agência Senado
Jonas Pereira/Agência Senado
Pacheco aposta na pacificação na relação do Congresso com o governo, enquanto Lira quer o confronto

São Paulo – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), saiu em defesa do ministro da Secretária de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), que foi alvo de ataques do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nesta quinta-feira (11). Ao contrário do que disse Lira, Pacheco afirmou que tem “afeição” e “simpatia” por Padilha, e disse que o considera “competente”.

“O que eu posso dizer é que eu me esforço muito para manter uma boa relação com o governo, com o próprio ministro Alexandre Padilha, por quem eu tenho afeição, eu tenho simpatia, e o considero também competente. Da parte do Senado, nós vamos buscar ter o melhor relacionamento possível com o governo e com o próprio ministro”, disse Pacheco.

Anteriormente, o presidente da Câmara chamou o ministro de “desafeto pessoal” e “incompetente”. Padilha é o ministro responsável pela articulação do governo com o Congresso Nacional. Lira se irritou, no entanto, quando questionaram se a decisão da maioria dos deputados pela manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), representaria um enfraquecimento da sua liderança entre os deputados.

“Essa notícia foi vazada do governo e, basicamente, do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, um incompetente. Não existe partidarização (sobre a prisão de Brazão). Eu deixei bem claro que ontem, a votação foi de cunho individual. Cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver (com influência)”, disse Lira.

Por outro lado, Pacheco disse que é preciso “evitar esses problemas” e “buscar sempre as convergências”. “Ninguém é perfeito, mas ninguém também é tão mau assim. A gente tem que conviver com as divergências. Espero que a relação do Parlamento com o Executivo, especialmente com essa peça-chave que é o ministro Padilha, possa ser a melhor possível”.

Tensões em jogo

O PP de Lira deu 10 votos contra a prisão de Brasão, enquanto 18 deputados votaram a favor. Ao mesmo tempo, o União Brasil – ex-legenda de Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) – votou majoritariamente contra a manutenção da prisão (22 a 17). Enquanto que o PL, do ex-presidente Bolsonaro, entregou 71 votos pela libertação, contra somente 7 a favor da prisão.

Os três partidos, junto com o Republicanos (20 a favor da prisão, 8 contra), compõem o chamado Centrão, que tem em Lira seu principal estrategista. Nesse sentido, Lira teria dito que, se tivesse entrado de cabeça na articulação, Brazão poderia estar solto uma hora dessa.

Ao mesmo tempo, Lira investe contra a ministra da Saúde, Nísia Trindade, pressionando-a pela liberação de recursos das emendas dos deputados do Centrão. Desde o início do governo, fala-se que o presidente da Câmara gostaria de ver um apadrinhado no comando da pasta da Saúde.

Por outro lado, os presidente das Casas do Legislativo vêm acumulando atritos. Nesta semana, diante dos ataques do bilionário Elon Musk ao Judiciário, Pacheco reforçou a urgência de estabelecer uma regulação das redes sociais. No mesmo dia, no entanto, Lira mandou arquivar o projeto sobre o tema que tramitava na Câmara, reiniciando do zero a discussão. Em linhas gerais, Pacheco busca transmitir uma imagem de moderado, enquanto Lira mantém relação íntima com o bolsonarismo.